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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

O Adamastor voltou!

A semana que amanhece em tons negros, vestígios de uma noite de inferno quando o Adamastor, outrora nosso conhecido na história dos descobrimentos, apareceu por entre o denso fumo dos incêndios.  A forma de um terror espalhado em todos os cantos e recantos de um Portugal dormente na sua dor.

Uma manhã ainda quente do desespero de tantos e a preocupação de um país que não sabe dos seus. A comunicação que falha na ansiedade de saber se o outro está bem. Um bem tão relativo, um bem apenas físico pois a alma de todos nós está despedaçada.

Espero o comboio, uns pingos tocam-me. Olho para o céu à espera da tão esperada chuva para amansar a loucura deste Adamastor. Vejo o nevoeiro que começa a envolver a paisagem que me cerca como se quisesse trazer um pouco da paz que se perdeu durante os últimos dias e que foi morrendo na noite que foi e que ficará, não sendo esquecida.

Murmuro para as gotas de chuva que viajem até aos tantos Adamastores que vagueiam na loucura insana destruindo vidas. Que gentilmente envolvam estes incêndios nas lágrimas de todos nós e apaguem uma destruição que será sempre o pesadelo que se repete de forma tão banal.

Olho para a janela. Vejo as notícias. Aguardo o momento em que podemos acordar para a letargia que fica enquanto choramos esta perda irreparável de vidas e sonhos desfeitos.  

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