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Preciso de escrever. Preciso de te escrever. Preciso de te escrever dentro de mim. Escrever as memórias que ficam, que agarro para não mais largar. Escrever as memórias que trazemos e que teimo em não esquecer. Outras memórias de outros tempos. Memórias que neste agora não poderei voltar a escrever.
Escrever um beijo que não é um beijo. Um beijo que é apenas um olá.
Escrever o abraço que não é um abraço. Um abraço que é apenas um até já.
Somos dois estranhos que se cruzam na escrita da vida. Duas pessoas que nada são uma à outra. Dois olhares que se cruzam na intensidade de um cruzar num só respirar.
Pouco ou nada sei de ti. Nada ou pouco sabes sobre mim. Mas ficas no meu pensamento para sussurrares as palavras que escrevo. E se me faltarem as palavras, terei sempre o teu olhar para escrever e o teu sorriso para desenhar no papel.
Escrevo o teu olhar na tela salpicada pelas cores do arco-íris. Porque se o arco-íris esconde um tesouro, os teus olhos são o tesouro em que o universo me fez tropeçar. Um verdadeiro tesouro que nunca poderei tocar com as minhas mãos e sentir-te real ao tocares em mim.
Tento descodificar as palavras que esse teu olhar escreve em mim. Escreve-me esse segredo e nunca o partilharei com mais ninguém. Serás o meu segredo.
Recordo o sorriso que o teu rosto escreve. Reescrevo cada traço do teu rosto que vou decorando a cada dia quando o sol nasce no horizonte. Reescrevo cada esboço da tua face na noite em que iluminas o caminho. Nunca me cansarei de te ver e te desenhar.
Guardo-te em mim. Guardo o que a tua alma me escreve. Tenho no meu coração esse lugar onde todas as tuas palavras silenciosas são guardadas.
Penso em ti na noite que me adormece e nas palavras que chegam na madrugada. És a inspiração para as palavras que sorriem e para as letras que te choram tão longe desta folha.
Serás o meu escritor preferido das palavras que escrevo. Só escreverei com a caneta que a tua alma me ofereceu naquela tarde em que paramos e a minha vida parou à tua espera.
Escrevo-te para me escrever a mim mesma na reescrita constante da vida.