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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Vida! Gostava de te perdoar!

Vida. Gostava de te perdoar.

Vida. Gostava de te perdoar por um dia me teres afastado do meu único e incomparável amor. Aquele que amarei sempre no sempre do existir. E que volto a amar cada vez que o vejo.

Vida. Gostava de te perdoar por me teres matado e arrancado esse amor de mim. Por teres despedaçado esta alma que ainda vagueia perdida no meio dos seus fragmentos. Que precisa desse amor para se reencontrar.

Vida. Gostava de te perdoar para estar em paz. Como gostava de sentir a sensação de tranquilidade no meu coração. Deve ser um sentimento tão sublime como aquele que sinto por aquele que amo.

Vida. Gostava de te perdoar, mas só no dia em que me devolveres o amor que me roubaste e agora me fizeste reencontrar. Nesse dia, vida, irei perdoar-te por me teres feito caminhar no tempo com esta ferida a sangrar dentro de mim.

Vida. Só quando abraçar novamente o meu amor e voltar a estar em casa nos seus braços. Nesse momento, vida, irei sorrir-te. E o meu sorriso será o teu perdão.

Até lá não te conseguirei perdoar pela dor que me infligiste e que nem o tempo a faz apagar de mim.  E cada vez que olho para esse amor sem poder estar com ele, por mais que queira, desculpa, vida, mas não consigo mesmo perdoar-te.

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Férias….Praia….Mar….e a paz na alma!

O verão chegou em bicos dos pés até junto de nós, corpos e almas cansados do cinzento do céu e do som das gotas das chuvas na janela ao acordar. O verão acena-nos e nesse aceno sentimos o sabor das férias que se aproximam! Para muitos, verão é sinónimo de praia e mar num descanso do espirito.

Chegar pela manhã cedo e sentir a brisa marinha matinal no nosso respirar é preparar a alma para a meditação que ouvir o mar é.

Fechar os olhos, sentir o sol tocar na pele aquecendo os sentimentos e reacendo o lume da esperança, ao mesmo tempo que o mar na sua melodia entoa a canção que nos faz adormecer e sonhar.

Ouvir o que o mar nos diz, conversar com ele numa língua que só cada um de nós conhece. Inspirar e mergulhar. Inspirar e nadar. Inspirar e respirar a vida.

Sentir a suavidade rugosa da areia nos pés fazendo-nos cócegas para que no descanso o sorriso seja constante.

Sentar à beira-mar e perder a noção do tempo, no tempo em que ficamos ali, simplesmente a olhar o mar, contemplando o infinito da beleza que se prolonga para lá do horizonte que a vista alcança.

Olhar no brilho do céu e ver o sol a dizer-nos até amanhã num pôr-do-sol com as cores que uma tela não consegue imitar. Pintar o céu na luz que fica e não se apaga, enquanto nos nossos olhos virmos a beleza de um sol que nunca se esconde de nós. Porque mesmo quando o sol descansa, está sempre perto de nós para nunca perdermos o rasto de luz no nosso caminho.

Praia, um local de lazer. Praia, o descanso. Praia, o desligar da corrente de um ano de trabalho que foi e virá. A praia, o refúgio.

Escrever a praia nas palavras que a alma escreve no caderno que não nos larga e onde perpetuamos os sentimentos e as sensações que queremos que a memória guarde sem nunca deitar fora.

Praia, o meu refúgio no mar do meu porto de abrigo.

Praia, aquele meu lugar que escreve a palavra paz na minha alma!

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#opinião# Julia Navarro "Dispara, eu já estou morto"

Um livro que ao iniciar-se me recorda um outro livro desta autora pelas semelhanças de um narrador presente que conta a história da sua família de judeus e de uma activista que ouve e que conta a história vista pelos árabes, por isso ficamos num equilíbrio para não tomarmos partido.
"Dispara, já estou morto" é muito mais do que um romance, é um romance histórico, é uma viagem pela história de uma religião e fé, a dos Judeus. Dos progoms da Rússia czarista à II Guerra Mundial, das expulsões dos Reis Católicos em Espanha aos conflitos armados do presente no Estado de Israel. É presenciar como duas famílias, uma judia e outra árabe, mesmo com diferenças inconciliáveis na fé, conciliaram uma bonita e sólida amizade que a guerra um dia desmoronou e que os seus herdeiros não a puderam viver.
Mais do que duas famílias em luta contra o destino, é o reflexo de tantos judeus, pela sobrevivência e por um pedaço de terra, onde possam viver sem serem perseguidos, humilhados, expulsos ou exterminados pela condição de serem judeus. Mas, é também a luta dos muçulmanos palestinianos pela terra onde sempre viveram. "Dispara, Eu Já Estou Morto" é, portante, um romance sobre o conflito que divide à várias décadas israelitas e palestinianos.
Não é uma leitura fácil, exige tempo, dedicação e concentração. E muitas vezes torna-se pesada pelo narrar de acontecimentos e períodos históricos. Ler a passagem da segunda guerra mundial é sentir a alma contorcer-se em dor ao visualizar as imagens descritas nas palavras. Foram algumas as vezes que reprimi as lágrimas em plena rua para não mostra o quanto certas descrições me emocionavam.
Talvez a história peque pelo elevado número de personagens, o que nos obriga a redobrar a atenção para perceber quem é e não perder o seu rasto.
Faltou quebrar algumas regras, e não manter-se fiel a um relato histórico. Podia ser disruptiva e mostrar que o amor entre uma muçulmana e um árabe podia vencer. No entanto, somos presenteados com um final inesperado (mas não digo qual é!).
Embora não seja a obra perfeita, não consegui largar o livro até o terminar. Quem goste de romances históricos é uma boa leitura. Por gostar desse tipo de género literário, a história agarrou-me e não me senti maçada.
É a minha terceira incursão nas obras de Julia Navarro e posso assumir-me com uma fã da sua escrita e da sua obra por nos ensinar tanto sobre a nossa história que tantas vezes queremos fingir que não aconteceu.

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