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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Mudou a hora nesse domingo que foi!

Mudou a hora nesse domingo que foi. Que ainda espreita na esquina do mês de outubro. O dia que passa a ir descansar mais cedo deixando a noite para nos fazer companhia durante mais tempo. Para construir memórias de arco-íris quando dia e noite se diluem um no outro. O sol que se refugia nos seus raios e lá se abriga no repouso de um cansativo verão de momentos.

Mudou a hora nesse domingo que foi. Para que as manhãs amanheçam cedo no horizonte. Abrir a porta e ser recebida já com esse sol a piscar-nos o olho lá do alto do céu. Sentir a geada no nariz e as gotas do orvalho que pingam no cabelo. Num sol que nos faz cócegas depois uma longa noite de sono.  

Mas essas manhãs de sol madrugador são as mesmas manhãs que aconchegam esse teu sono. Lá longe. Que te querem só para elas. Que não me deixam acordar o teu rosto.

Mudou a hora nesse domingo que foi. Restam-me as sempre tardes que se tornam sombrias antecedendo as negras noites de inverno com os teus olhos mel-outono a descoberto. As tardes frias dos relógios. Os passos que paralisam e não te conseguem encontrar. Como hoje e ontem. Como se esse maldito domingo ao atrasar a sua hora atrasasse o meu olhar do teu.

Mudou a hora nesse domingo que foi. E agora se além das manhãs invejosas que te roubam de mim, vierem as tardes de inverno sem ti. Encobertas. O sepulcro da minha esperança. O silêncio do meu desistir. E se as tardes, invejosas das manhãs, também te sequestram? Se voltar atrás e a hora ficar igual, será que me é devolvido o teu olhar mel-outono aos meus dias?

Mudou a hora nesse domingo que foi. E deixou uma tristeza em mim. Como te tivesse deixado naquela hora. Como se os teus passos fossem aqueles ponteiros a andarem em sentido contrário aos meus passos. Sem consegui-los trazer até mim.

Mudou a hora nesse domingo que foi. E nessa hora que foi. Foi como se a minha vontade de viver tivesse lá ficado. Contigo.

Imagem : Internet

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A coleção Kimmidoll

Existe dentro de mim uma criança que no passado teve de ser adulta demasiado cedo e não teve muito tempo para ser a criança espantada à descoberta da vida. Uma criança que estava adormecida no tempo. Uma criança que tive de resgatar das profundezas que quem sou.

E que descoberta maravilhosa tem sido essa de desvendar a minha criança interior. Aprender a sorrir só porque sim como só as crianças sabem fazer. Perder os medos na descoberta dos caminhos. Apanhar as pedras e atira-las para longe. Como adoro sentir a minha criança viver dentro de mim!

E essa criança tem de ser mimada. Alimentada constantemente. Com pequenos gestos. Com momentos. Porque não a posso deixar adormecer novamente.

A coleção de postais da Kimmidoll tem sido um desses momentos de sentar a minha criança interior ao meu lado e podermos estar as duas juntas, ali sozinhas, sem interferências. Há algum tempo tinha comprado um caderno desta boneca que me tinha fascinado pela sua beleza e serenidade. Há poucas semanas na ida à papelaria vi o cartaz com o arquivador e os postais. Era uma coleção. Não resisti a comprar. Nem que fosse para ver como era. E assim que olhei para os postais, fiquei ainda mais seduzida por estas bonecas.

As bonecas Kimmidoll são baseadas nas tradicionais bonecas japonesas, que eram esculpidas à mão em madeira e tradicionalmente oferecidas à família e amigos como prova de amor e amizade. Uma tradição que remonta ao início do séc. XVII e em que cada uma simboliza os valores da vida.

Que maravilha é poder aliar a serenidade da cultura japonesa a uma coleção que a minha criança está a adorar. Às vezes só a ouço dizer-me, vai comprar mais uma carteira. Em algumas vezes até lhe faço a vontade.

Cada boneca desta coleção representa um diferente valor. A cura, beleza interior, sinceridade, alegria, verdadeira, destemida, caridade ou a amizade são alguns dos valores presentes nesta coleção. E muito mais iremos descobrir cada vez que a Ana adulta e a Ana criança se sentarem a abrir as carteiras de postais e estarem ali os seus 10 ou 15 minutos a colocar cada postal no seu lugar a ler e absorver cada valor.

Porque esta coleção é muito mais que um mimo para as crianças que vivem em nós. São valores que nós adultos nunca nos podemos esquecer que existem.

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#opinião# Julia Navarro "História de um Canalha"

Execrável. Assim, uma palavra com esta conotação depreciativa para definir não o livro mas a personagem principal!  

Julia Navarro, no seu estilo já muito familiar de um misto de biografia com romance, vai-nos dar a conhecer Thomas Spencer, aquelas personagens que vamos guardar porque desejamos nunca a ter conhecido. O livro, dividido em quatro partes: Infância – Juventude – Maturidade – Declínio, narra todo o percurso de vida de Thomas Spencer na primeira pessoa, ou seja, é ele mesmo que relata toda a sua vida e é do mais atroz que se possa imaginar. Volto a repetir a palavra….execrável!

Thomas não é um assassino, é um autêntico canalha, aquele tipo de pessoas que infelizmente proliferam por aí aos tombos.

Um homem que na infância desprezava a mãe pela sua ascendência latina, que odiava o irmão porque todos consideravam Jamie um rapaz perfeito. Um ódio que perdura toda uma vida. Um homem sem qualquer tipo de sentimentos, sem amor por ninguém, sem afetos, sem consideração, sem respeito. Um homem que adora ver os outros sofrer. Um homem que humilha e maltrata as mulheres. Um homem que conduz os outros a mortes violentas. Que destrói vidas sem qualquer peso na consciência. Muitos jogos de poder no meio destas páginas.

Vejamos mais adjetivos para descrever esta personagem! Mentiroso, vingativo, um manipulador nato, difamador. Ah e sem escrúpulos. Já são adjetivos mais que suficientes para perceber que tipo de pessoa é este homem!

Mas não faz tudo isto, não é tudo isto…..lá vou eu dizer outra vez…..não é execrável de forma inconsciente. Ele sabe o que está a fazer. Conhece as consequências dos seus actos. Até põe muitas vezes e em muitas situações da sua vida, a hipótese de se tivesse feito as coisas da forma mais correta. Mas termina sempre essa divagação com “mas não fiz assim e não me arrependo”. Constatamos assim o elevado índice de frieza desta personagem que não sofreu pela morte dos pais. Que nunca mostrou qualquer tipo de sentimento por alguém. Apenas o imenso medo de perder Esther, não a mulher que amava porque Thomas não sabe o que é amor, mas porque precisava dela. E mesmo assim, toda a convivência e relacionamento com Esther está cheio de falsidade, de teatro, de manipulação, de jogos, de interesse. Nunca foi autêntico.

Aguardamos sempre que por um momento Thomas tenha um acto de bondade ou simpatia, mas é uma utopia do leitor que ainda acredita que a personagem se pode redimir.

Podemos afirmar que este livro retrata os tempos actuais onde a publicidade domina o consumo das massas. Uma reflexão sobre o mundo da comunicação e de como, através da comunicação, se pode manipular a opinião pública. Os jogos de interesses subir na vida. Os casamentos de aparências. A violência doméstica e emocional. Temas muito presentes neste romance. Um livro que toca no âmago das feridas dos tempos modernos.

Confesso que as últimas 80 páginas foram lidas de um sopro no final de um domingo, porque tinha uma curiosidade imensa com o desfecho do execrável Thomas. Queria imensamente que fosse punido por todo o mal que espalhou durante a sua vida. E não é que mesmo depois de moro continuou a ser um mestre da canalhice? Vejam como isso é possível, lendo este livro!

Embora seja um livro bem escrito, com história, não é para mim, o melhor livro de Julia Navarro. Fico feliz por ter conhecido esta autora com o maravilhoso “Diz-me quem sou!”. Se o primeiro contacto fosse com este, não sei se ficaria no top dos meus autores. Por isso, venham mais livros desta escritora!

Calculo que para a autora não deva ter sido nada fácil escrever na primeira pessoa de um homem como Thomas Spencer. E por isso, um livro que deve ser lido! E garanto que enfadonho ou descritivo não tem nada.

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O meu pensamento está em ti!

Cada vez que estou longe desta cidade que nos vê diariamente, a minha alma fica cá agarrada. Porque o meu pensamento não consegue tirar férias de ti. Adormecer a mente por uns dias. Não olhar para cada rosto e te ver a ti. Não ouvir o teu silêncio nas ondas do mar. Não sentir a areia arranhar-me na dor de uma alma. Não vislumbrar o por do sol no horizonte e sentir a solidão de ti abraçada a mim. Seria apenas a solidão e não a tua solidão dentro de mim.

Seja nessas férias já idas, seja nos dias de pausa, seja nos dias de trabalho que fogem da rotina do escritório. O corpo está longe, mas o pensamento está sempre em ti.

A música nos ouvidos no rodar dos pneus do carro e lembro-me de ti porque aquela música faz-me lembrar de ti. Perder o pensamento em ti na paisagem que acelera à minha passagem.

O monumento iluminado na fria noite de outono quando o orvalho cai no parapeito da varanda do quarto de hotel. Uma foto. E penso em ti antes de adormecer a olhar para a luz que acende a madrugada do sono.

Precisar do meu caminhar solitário antes das obrigações enquanto os outros dormem. Para ter um momento meu para pensar em ti. Sem ninguém para me interromper. Porque pensar em ti é já a minha rotina diária.

Talvez se o meu pensamento pudesse tirar férias de ti, conseguisse escutar o meu coração. Escutar os meus passos. Ter respostas para isto que sinto aqui onde a minha vida pulsa. Mas talvez pensar em ti seja a resposta para o meu caminho.

Tirar férias deste amor que sinto e que me leva ao vazio. Sentir a vida e deixar fluir o viver. Mas talvez a verdade seja que preciso de te levar na minha mente para poder continuar a respirar.

O teu olhar está cravado em mim. Não consigo fugir. Não há quilómetros que te apaguem do meu pensamento. A tua alma colou-se ao meu coração. E vai no meu pensamento para onde quer que vá. E eu deixo-a ir comigo.

Os quilómetros de estrada não nos separam. As centenas de quilómetros não nos afastam. São os quilómetros de emoções que deixamos lá atrás escondidas noutros corpos e dos quais trazemos uma espécie de dor que temos medo de enfrentar.

E são esses medos que se transformam nos quilómetros na distância dos nossos corpos.

Mas o meu pensamento está sempre contigo.

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Bom dia!

O dia acorda no escuro deste Outono que repentinamente teve pressa de chegar. As nuvens da chuva que olham para mim nesse verde citadino no reflexo do vidro da janela onde aqueço ao sabor de um chá. O frio já se sente lá fora. Sair de casa nas horas da manhã, o silêncio dos carros que dormem na rua. Os pássaros já sentindo falta desse verão estão recolhidos nos seus ninhos nas árvores que lentamente vão perdendo as suas folhas. Folhas essas que formam tapetes nos passeios e que no soprar do vento se afastam para eu passar. As luzes da rua ainda estão acesas, o sol tem preguiça de acordar, enrolado nos seus raios onde sabe tão bem dormir. Mais um dia. Um dia que amanhece lentamente no céu e que timidamente nos diz olá.

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Essas escadas da memória!

Um passeio por entre as pedras no meio das quais uma aldeia se ergue. Lá no alto. Com vista para a imensidão do horizonte que ainda se mantém verde até onde o nosso olhar consegue ver. Foto aqui. Foto ali. Para recordar os momentos. Fotografar a tranquilidade de espírito.

Caminho. Mais uma casa. Uma entre outras tantas que germinam naquelas ruas tingidas de cinzento. Uma casa com escadas em pedra. Sento-me para uma foto. Sento-me nos degraus porque os pés dos sonhos precisam de descansar.

Olho para aquela arquitetura natural das escadas. Como as escadas dessa quinta cujas memórias nunca morrem. A porta daquela casa estava fechada. Possivelmente nenhuma avó de cabelos brancos mora por lá. Como na outra porta que agora escancarada deixa fugir o teu tempo que foi ali vivido. Uma simetria de coincidências. Aldeias separadas por quilómetros.

A foto que é tirada. Deixo-me ficar ali sentada. Fecho os olhos e viajo no respirar. Afasto-me um pouco para que a tua alma se possa sentar naqueles degraus e conversar no sussurrar de avó e neta.

Estavas à minha espera no parapeito dessa varanda de pedra com janela para as ruas dessa mítica aldeia. Acenaste-me para parar ali.  

Para saber que mesmo sem te ver me acompanhas na subida dos degraus do caminho dos sonhos. Pedes-me para não ter pressa. Não correr. Descansar para não tropeçar e perder a jornada já feita. Despejar os pesos que trago na mochila. E abrir aquela porta onde reside o meu sonho. E estarás lá para ver a minha conquista.  

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O mais importante de todos os exercícios: ser feliz!

Aproxima-se no calendário deste mês de outubro um dia especial. Um dia no qual os raios de sol que quais pétalas de um malmequer deixam pegadas de flores, fazendo nascer um novo caminho. Esse trilho de sonhos a dois começa a ser desbravado por entre o entrelaçar de mãos que não se agarram, mas que unem os corações. Os vossos corações. No toque doce e suave do amor. Ah, esse sentimento que um dia os poetas apelidaram de amor e do qual tanto escrevem, porque o amor escreve-se nos momentos partilhados, nos gestos enlaçados, nos dias que se multiplicam por dois. O amor é escrito em sorrisos duplos que se confundem num único sorriso. Um sorriso de um só sentido, sem desvios nem atalhos, em direção à felicidade que se vislumbra no horizonte do olhar. Um amor escrito no silêncio cúmplice de quem não precisa de palavras sussurradas. 

Esse teu dia que espreita. Aquele dia especial. Aquele dia de recordações que o tempo nunca apagará. Que o álbum de memórias do coração irá guardar para folheares e veres vezes e vezes sem conta como uma fotografia pinta um momento feliz. Essa fotografia de almas felizes que ficará exposta na tela que é a vossa vida. Perpetuada na eternidade de um amor. O vosso amor.

Nesse teu dia que se apressa a chegar, dança até lá. Dança nesse dia. Dança sempre. Dança essa dança do ser feliz. A coreografia do amor. Fecha os olhos e inspira alegria. Inspira sensações e expira a felicidade que o teu rosto reflete. Dança no hoje a coreografia do amor e aperfeiçoa cada passo no futuro que começas hoje a treinar. Porque a felicidade é um treino constante. De vitórias e conquistas. De superações. De obstáculos ultrapassados.

Uma dança sincronizada na harmonia de ritmo que só vocês conhecem. A dança do vosso amor.

No teu dia. Acalma a euforia do corpo e absorve cada momento teu. Mantém-te nesse presente e vive cada segundo sem te distraíres com o ontem ou o amanhã. O presente é teu e só teu. De mais ninguém. Vive-o. Partilha-o. Mas aconchega-o dentro de ti.  Naquele espaço teu onde vive o amor.

Nesse teu domingo especial deixa os pesos pesados guardados em casa e segura a suavidade da felicidade nos teus braços. Embala-a. Abraça-a. Sussurra-lhe.  Mima-a. Porque a felicidade tem de ser mimada constantemente. Sem feriados ou fins-de-semana. Alimentada de amor. De afetos. De alegria e sorrisos. Porque a felicidade não pode ter pausas nem intervalos.

Que no teu dia o sol aqueça os corações já derretidos pela emoção. Que nesse dia o aroma a tranquilidade se sente ao vosso lado. Que o cantar do verão na voz dos pássaros seja a vossa melodia. Quando o dia se recolher cedo para o por do sol riscar o céu à procura das estrelas, vejam a estrela cadente que rasga o universo à vossa procura para vos abençoar. Fechem os olhos e deixem que o universo abençoe este vosso amor-estrela.

Nesse teu dia sê a sempre atleta que és. A atleta dos sorrisos e da alegria. Mas faz apenas um exercício: o de ser imensamente feliz!

Não só nesse dia, mas sempre!

 

Imagem : Internet

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Ver-te ali e não numa foto!

Noite tardia. Madrugada precoce. Silêncio. Olho para a tua foto. São os teus traços. És tu. Mas parece que falta ali algo de ti. Não te sinto. A tua alma que não se deixa fotografar. Que se prepara para viajar no nosso dormir. O nosso encontro secreto de almas.

Uma manhã de domingo num outono solarengo. Ver-te. Não numa foto. Sentada e sentir os joelhos desmaiar quando chegas. Estremecer. Inerte. És um sismo que faz os meus pés entontecerem. Mas mesmo assim prefiro ver-te ali.

Os teus cabelos brancos que não têm vergonha de se mostrar. O teu rosto a descoberto. As rugas que espreitam. Reveladores do tempo. Dos trintas e muitos desse corpo. Mas mesmo assim és mais bonito que foto. Talvez fosse o espelho do sol que te tornava assim gracioso. Ou não, és como o reflexo do sol. Sublime. Por isso prefiro ver-te ali.

Olhar para ti. Sentir o medo. Querer disfarçar e não conseguir. O teu olhar é uma droga que corre nas minhas veias. Que me viciou. Que nem a morte me pode libertar desse vício de querer olhar para ti. Para esse teu olhar de outono que prefiro ver ali e não numa foto. Real.

Desde que nos reencontramos entrei num beco sem saída. Há um despenhadeiro à minha espera. Sem retorno. Cheio de escarpas que já me arranham. Mas mesmo assim prefiro ver-te ali. Porque ao despenhar-me levarei as tuas memórias em mim. O teu sorriso será o amparo da minha queda.

Pressentir que um dia vou desabar ali ao pé de ti. Quando o ar sufocar estas palavras. Quando não mais conseguir respirar. Quando não mais aguentar o nosso silêncio. Mas mesmo assim prefiro ver-te ali. Sem ser na foto. Porque o dia em que as lágrimas me afogarem estarás ali. A tua alma estará ali. E na foto não.

Porque ver-te ali. E não na foto. É saber que algures por aí ainda há vida e que um dia talvez possa viver.

Uma fria tarde de outono em que não te vi. Uma entre tantas que não te vejo. A tua foto aqui ao meu lado. Mas queria era ter-te visto ali naquele segundo do regresso a casa.

Porque prefiro ver-te ali. E não apenas numa fotografia.

Imagem : Internet

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O outono a chegar!

Ainda o relógio marcava poucos minutos depois das 19h30 e os braços despidos pediam o casaco. A esplanada tornava-se fria na noite que se acomodava nos nossos ombros. O outono sente-se delicadamente a chegar. Sem pressas nem urgências.

No caminho para casa um aroma a fumo. Um agradável sabor que dançava no ar. As primeiras castanhas a serem assadas. O papel enrolado à espera delas. E as mãos limpas a quererem sujar-se de carvão. É o outono a chegar. Sem pressas nem urgências.

É o outono a abeirar-se de nós e os teus olhos castanhos cor da terra, essa cor que pincela o outono, a serem a luz dos dias que se encurtam para cedo se recolherem.

É o outono dos teus olhos que respiro no regresso a casa.

E como adoro sentir o outono desse teu olhar!

 

Imagem : Internet

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