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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Hoje fiz aquele caminho teu!

Hoje fiz aquele caminho. Que tantas vezes percorro para te ver. Escrever a estrada daquela tragédia que habita a alma que te ama. Senti falta da caneta que és para as minhas palavras. 
Hoje fiz aquele caminho. Sem ti. O silêncio dos carros era tão tenebroso que rasgava os ouvidos. Senti falta do teu silêncio. Das nossas conversas de medos e recuos. 
Hoje fiz aquele caminho. No fim de tarde. Ainda com sol a descer as escadas do horizonte. Sem aquela escuridão de outros tantos fins de tarde. Senti falta do teu olhar mel-outono que ilumina o negro dos dias. Que acalenta a alma em sorrisos futuros.
Hoje fiz aquele caminho. Outros rostos. Nenhum tão bonito como o teu. Senti falta de um vislumbre da perfeição que esse rosto teu é na imperfeição das rugas que tornam belo no reflexo da vida que és. 
Hoje fiz aquele caminho.
O caminho cheirava a vazio. O vazio também tem cheiro. O teu cheiro. 
Porque não estavas algures nesse caminho apenas para te ver. O caminho cheirava à tua solidão. 
Hoje fiz aquele caminho. Senti saudades tuas. Hoje fiz aquele caminho. Sem ti. Mas nunca me esqueço de ti. E às vezes também acho que não te esqueces de mim e daqueles nossos caminhos. 

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#opinião# Carlos Ruiz Zafón "Marina"

Este conturbado início de 2019 roubou-me a alma para as minhas leituras. Mas o que é de mim sem os meus livros. Por isso, decidi que tinha de ler um daqueles livros que me iam arrepanhar intensamente os sentidos. Pensei logo em Carlos Ruiz Zafón e nas leituras dele ainda em falta.

E assim “Marina” chegou às minhas manhãs. Numa expetativa de conhecer a escrita do autor antes do soberbo “A Sombra do Vento”. Aquela escrita arrebatadora que mal nos deixa respirar e digo desde já, que Zafón neste livro já demonstra tão bem essa feitiçaria que tem para com as palavras.

Como palco a cidade de Barcelona, a cidade da neblina, do seu nevoeiro, a história decorre entre setembro de 1979 e maio de 1980 e depois em 1995 quando Óscar, o protagonista, recorda a força arrebatadora do primeiro amor e as aventuras com Marina, recuperando as anotações do seu diário pessoal e revisita os locais das recordações da juventude.

Óscar Drai é, em 1980, um adolescente que vive num internato em Barcelona e que adora vaguear pelas ruas de Barcelona na ilusória liberdade que estas aparentam dar-lhe. É na zona de Sarriá, repleta de antigas mansões senhoriais, várias delas em ruínas, que naqueles acasos, conhece Marina, o seu amor e o pai de Marina, Germán. Ali naqueles meses vê-se uma amizade cimentar-se que não se alicerça pelo final de “Marina” (lanço a dúvida, final do dia ou da personagem?).

Uma visita da juventude ao sepulto da morte, o cemitério de Sarriá na procura de aventura, vai cruzá-los com uma misteriosa mulher de capuz. É o início do desenterrar de vários segredos antigos que leva Óscar e Marina a encontraram-se no meio de uma história com personagens pouco convencionais, sombrios. Relatos de terror numa ficção científica de descrições. Resumir é difícil, há que ler. Conhecer Shelly, Kolvenick, Eva Irinova , apenas para destacar estas personagens no meio de algumas outras tantas que fazem parte de um todo que se emaranha nos fios que tecem entre si.

“Marina” é um romance mágico de memórias, escrito numa prosa melodicamente poética, assente numa mistura de géneros literários (entre o romance de aventuras e os contos góticos) e onde o passado e o presente se fundem de forma inigualável.

Classificado pela crítica como “macabro, fantástico e simultaneamente arrebatador”, “Marina” é uma reflexão sobre os mistérios da condição humana através do relato alternado de três histórias de amor e morte. Histórias que se entranham umas nas outras e que nos agarram às folhas deste livro.

Um livro que recomendo e decerto ficarão como eu a devorar cada frase mesmo que já chegue a hora de deitar!

E termino com esta frase que fica cravada em mim!

“Marina disse-me uma vez que apenas recordamos o que nunca aconteceu. Passaria uma eternidade antes que compreendesse aquelas palavras.”

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Olá primavera!

Querida primavera,
Ainda é manhã, ainda dormes nesse teu descanso. Acordarás às 21h58m quando já de pijama vestido abrirei a janela e o teu perfume me embalar.
Chegarás envolta no frio da noite para nos lembramos de como gostamos de ti. Do teu aroma a quente. Os raios de sol refletidos na água tornam os nossos olhos mais brilhantes de ver como és bonita, doce primavera. Porque és o renascer. O renascer da alma. Da vida. És o nosso renascer. Trazes contigo novas decisões. Novos trilhos.
Traz contigo o sussurrar dos sorrisos, o saltar na alegria dos momentos. Deixa em nós as tuas suaves recordações para nunca nos esquecermos que depois do escuro de um inverno vem sempre a tua luz. Só temos de estar atentos ao nosso caminho. Porque o brilho da tua luz deixa salpicos na estrada para que possamos sempre seguir-te.

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Talvez!

Talvez os fins de tarde vestindo-se de noite sejam os minutos de luz que iluminam a alma. Os meus minutos felizes.
Talvez não precise do sol nem da lua.
Talvez só precise desses teus olhos mel-outono.
Talvez só precise desse sorriso teu. Para o meu coração sorrir. Hoje fizeste-me sorrir no cansaço que pesava nos ombros no fechar de mais uma semana.
Talvez uma palavra tua nessa noite que chega seja aquele raio de brilho no dia que foi noite. A voz que acalma para esquecer o tudo que correu mal.
Talvez porque tu és dia na noite. Que ofusca as estrelas.
És o meu talvez preferido destes fins de tarde. O único.
 
Imagem : Internet

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O veneno dos teus olhos!

Podia começar este texto com aquela frase demasiado cliché “ os olhos são o espelho da alma”. Isso é pouco para ti. Para os teus olhos. Que são veneno para as veias do meu coração. A droga da minha alma. Isso sim, é dizer o que são os teus olhos para mim. Algo tenebrosamente intenso. Penetrante.

Os teus olhos são a porta de entrada para o meu abismo emocional. A minha casa. Onde me sinto bem. Onde me conheço. Onde descubro o meu caminho.

Esses olhos teus são puro veneno que se espalhou por quem sou. Desde aquela tarde nunca mais fui a mesma. Aos poucos afundei-me neste vício que é olhar para ti. E vivo em constante susto de não saber se no amanhã vou poder continuar a olhar para ti nos meus fins de tarde. Não sei o que farei nesse dia. Não quero pensar nisso. Porque pensar nesse instante é voltar a morrer. Preciso do veneno dos teus olhos para o meu sangue respirar e manter-se vivo.

Ver-te com óculos de sol é sentir a raiva subir pelas minhas entranhas. Chegar ali. Arrancar essa escuridão dos teus olhos. E olhar. Ficar ali a olhar para ti como uma viciada que me tornei.

Porque quando não vejo esses olhos teus, pareço uma ressacada a bater com a cabeça na esquina das ruas à tua procura. Para te ver. Consumir o veneno que emana dos teus olhos e me faz viver. Como hoje que sabia onde estava a minha droga. O teu olhar. E não fui lá viciar-me mais em ti. E agora, estou aqui, de banho frio tomado, para afugentar as alucinações das tuas saudades. Alienada a ouvir o uivar do vento e tremer na falta que me faz o teu olhar.

Mas quando olhas, tremo. Medo. Uma luta colossal entre o vício de olhar, de olhar-te. Querer chegar ali, tocar-te, despir-te, consumir-te qual viciada que sou. E saber que não posso. És proibido para mim. Por isso, desvio o olhar meu de ti para me controlar e não correr até ti. Nem imaginas como é tentar controlar-me. Um desespero que me enfraquece.

Pareço uma demente. Sim, às vezes a alma é louca pelo vício. Como esperar numa noite de sexta-feira, quando o frio arranha a pele e estou ali, parada 65 minutos à espera da minha dose do teu olhar. Irracional para satisfazer um minuto de vício a olhar para ti. Para depois ir embora. Se sorris, então a minha alma precisa de um colete-de-forças para não te trazer comigo, porque a dose do vício foi demasiado grande para apenas um ínfima fração de tic tac no relógio. E eu não aguento uma dose dessas sem fraquejar.

Foste tu que me envenenaste assim há demasiado tempo atrás. Antes de sermos quem somos hoje. Sou viciada em ti desde que a minha alma é quem é. Por isso quando olhamos um para outro pela primeira vez neste agora do tempo, voltei a ficar louca por ti. Reconhecer-te foi voltar a ser insanamente apaixonada por ti. Daquilo que parece o nada que não é. Este nosso vício de olhos é eterno. Alimentamo-nos deste veneno que somos um para o outro.

Os teus olhos.

Esses teus olhos mel-outono são meu veneno de vida.

Imagem : Internet

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Olhos no mar

De olhos postos no mar. Mar esse que me limpa as mágoas. Limpa-me os medos de mim. O meu banho de limpeza. Regenerador. Olho para esse mar e aprendo a respirar. A respirar-me. A respirar o eu que sou na alma que trago. Calma e tranquilamente. Serena. De olhos a navegar na melodia sincronizada das ondas, penso em ti. Eu penso sempre em ti no espaço e tempo que pulsa no meu coração. Como queria que essas ondas limpassem as rochas dos medos que não nos deixam aproximar. Como dois náufragos à deriva na vida. Fingindo que estamos bem a boiar num salva vidas prestes a afundar. Olho à procura da estrada por entre a espuma que rebenta na areia. Procuro o caminho dos teus pés. Para um dia poder abraçar os braços teus. As pegadas das nossas almas de mãos dadas. Na sombra do sol. Numa paz reconquistada à vida. Olho na prece murmurada pelos meus lábios que este mar que acolhe os meus pensamentos me deixe encontrar o amor meu, aquele amor meu de olhos mel-outono. Tu.

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Conversas

Voltei a sonhar contigo. Aquele sonho demasiado irreal para ser apenas o nosso inconsciente ali. Uma conversa. Falávamos. Sentia a tua voz no meu coração. Tão diferente do nosso silêncio de fins de tarde. Perto do respirar um do outro. Sem outros à volta. Dizias que sabias. Disto que sinto por ti. Acho que sabes mesmo. Ias falar de ti. Que sabes. Que também sentes. Voltei a acordar. Outra vez. Sem te ouvir. Fiquei ali no som da almofada a tentar ouvir-te. Novamente o silêncio. Que me sufoca. Que não me deixou regressar ao sono.
Logo, por favor, volta ao nosso sonho para continuarmos a nossa conversa.

Perdi-me no teu sorriso!

Perdi-me nesse teu sorriso do entardecer a estrada. Perdi-me ali. E ali queria ficar perdida a olhar para ti! Tu e eu sem o mundo ao nosso redor.

Perdi-me nesse sorriso teu. O mais bonito de todos. Mesmo nos dias mais cinzentos é pintura de sol.

Perdi-me nesse teu sorriso encantado. Que me enfeitiça. Sorriso mágico que tens nessa alma tua.

Perdi-me nesse sorriso teu. Onde encontro o meu eu. Perdi-me nesse sorriso teu. E não mais quero voltar!

Perdi-me nesse sorriso teu.

Amanhã podes voltar a sorrir assim outra vez?

Imagem : Internet

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RIP Luke Perry

São estas as notícias que nos abalam o tempo. Aquele que tempo que achamos ficou parado lá atrás mas não ficou. Continuou a andar até parar.
Hoje uma parte da minha adolescência olhou para trás e percebeu como o tempo correu nestes anos. Demasiado veloz.
Lembro-me e ainda parece no ontem de há tantos anos que foi, sentada a ver os episódios de Beverly Hills, a suspirar qual adolescente por Luke Perry. A tinta arrancadas das paredes do quarto com os muitos posters colados. Os cromos que saiam no Bollycao, naquele tempo não havia google para ir "sacar" fotos dos ídolos à net, guardados religiosamente. Os recortes das revistas de teenagers que hoje desapareceram forravam cadernos e dossiês. Ainda tenho por aí essas relíquias de memórias.
Acho que a minha adolescência não quis deixar as minhas personagens crescerem e envelhecerem. Temos medo do tempo. Queremos as nossas recordações intactas como se pudéssemos fazer pausa sem que essas reminiscências envelhecessem.
Na minha memória Luke Perry será sempre aquele Dylan, um dos grandes giraços dos anos 90. Aquele ar que se colava ao coração.
Hoje uma parte da minha adolescência despediu-se de mim!

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Hoje não estive lá!

Hoje não estive lá. No mesmo sítio. Às mesmas horas de sempre.

Lembrei-me de ti nos passos daquele bailado que embalava a alma. A dança do teu sorriso nas pontas dos pés dos bailarinos. A elegância dos seus corpos na graciosidade dos teus olhos.

Hoje não estive lá. No mesmo sítio. Às mesmas horas de sempre.

Ali sentada na plateia, o silêncio do público. O drama na música. A expressividade do rodopiar. Os gestos teatrais. A adorar cada minuto. O olhar para o relógio do meu coração que me queria fazer correr dali. Uma luta entre alma e cérebro.

Hoje não estive lá. No mesmo sítio. Às mesmas horas de sempre.

Admirei e apreciei cada movimento de cada bailarino. Fechei os olhos e vi o teu olhar, aqueles meus olhos mel-outono preferidos. Acalmei-me. E vivi cada cena, cada contra cena. Senti cada acorde. Vibrei com cada passo de dança.

Hoje não estive lá. No mesmo sítio.

Hoje não estive lá. Às mesmas horas.

Mas não foi por isso que não pensei em ti. Lá. De rosto iluminado pelas luzes que se acendem à tua passagem. Que te roçam e te tornam ainda mais bonito tal e qual essa lua de fins de tarde que acorda só para nos ver e tornar aqueles minutos na perfeição mais sublime dos dias.

Hoje não estive lá. No mesmo sítio. Às mesmas horas de sempre. Para fechar o fim-de-semana nesse teu rosto. Seres a minha inspiração para o difícil amanhã.

Hoje não estive lá. No mesmo sítio. Às mesmas horas de sempre. Mas a verdade é que queria ter estado. Só para te ver. Mais uma vez. Porque nunca me canso de te contemplar.

Hoje não estive lá. No mesmo sítio. Às mesmas horas. E tu lembraste-te de mim?!

Imagem : Internet

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