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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

#opinião# Carlos Ruiz Zafón "O Palácio da Meia-Noite"

E assim que estava a fechar “O Príncipe da Neblina” já “O Palácio da Meia-Noite” dançava na prateleira. Inicialmente achava que esta história seria continuação da outra (por isso quis comprar a Trilogia completa assim num ápice). No entanto, embora continue a ser um livro de personagens jovens, a história acontece num outro país, num outro ano que nada se liga com o anterior livro.

Muito no embalo de “O Príncipe da Neblina”, também “O Palácio da Meia-Noite” segue a linha do imaginário num misto de aventura, terror e o fantástico.

Esta história acontece no coração de Calcutá que esconde um obscuro mistério.

Um comboio em chamas atravessa a cidade. Um espectro de fogo semeia o terror nas sombras da noite. Mas isso não é mais do que o princípio. Numa noite obscura, um tenente inglês, Peake, luta para salvar a vida a dois bebés de uma ameaça impensável. Apesar das insuportáveis chuvas da monção e do terror que o assedia a cada esquina, o jovem britânico consegue pô-los a salvo, mas que preço irá pagar? A perda da sua vida.

Anos mais tarde, na véspera de fazer dezasseis anos, Ben, Sheere e os amigos Ian, Isobel, Michael, Siraj, Roshan e Seth terão de enfrentar o mais terrível e mortífero mistério da história da cidade dos palácios.

Por ser ainda uma das primeiras incursões de Zafón na escrita, notam-se algumas arestas para limar. Muita fantasia que precisa de ser mais bem entranhada na história para se tornar muito mais real. Real no sentido de o leitor sentir que faz sentido.  O enredo por vezes torna-se um pouco confuso e que merecia mais explicações. Por exemplo, a história do vilão Jawahal e de porquê se ter tornado assim é muito incipiente.

As qualidades dos amigos de Ben poderiam ser postas em prática e não ficarem apenas e quase sempre pela descrição.

Outro aspeto a melhorar seria a relação de Peake com os pais de Ben e Sheere e também com o vilão. Algo que vem do passado e que o leitor não consegue compreender na conversa com Aryami, a avó de Ben e Sheere. Mas Zafón apreendeu com estas pontas soltas a bailar no livro! Oh se aprendeu!

Fiquei um pouco triste no final e de coração apertado porque lá fundo não queria ver aquela amizade a esfumar-se no ar sem razão. Mas é a vida. E a vida é assim. Nesse aspeto Zafón foi “cruel” porque podia tê-los deixado ficar unidos nas páginas que já não lemos. Pela solidão do orfanato em que viveram até aos 16 anos, mereciam um pouco mais de alegria na vida que se seguia àquela terrível noite.

Um livro em que já é notório o talento, a beleza, a profundidade e a melodia nas palavras de Zafón. E também a sua paixão pelo sombrio. Mas onde sentimos falta da sua enevoada Barcelona.

Mas a boa notícia é que Zafón praticou tão bem as suas falhas que se tornou aquele escritor mais que perfeito. Tão perfeito que hoje a sua escrita é viciante e hipnotizante. Só assim se tornou porque não teve medo de começar!

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#opinião# Carlos Ruiz Zafón "O Príncipe da Neblina"

Quando tempos complicados de leitura se agarram às manhãs, há que recorrer aos antibióticos perfeitos. Neste caso, recorrer a autores cujas palavras me embalam e acalmam. Carlos Ruiz Zafón, uma descoberta com pouco mais de um ano, é um desses mestres da escrita. E como ainda tinha livros em falta, lá fui eu em busca da Trilogia da Neblina. Os seus primeiros livros, mais juvenis, porque as personagens são sempre jovens, mas que todos nós podemos ler.

Por isso, numa segunda-feira agarrei no “Príncipe da Neblina” e lá fomos os dois para aquele encontro matinal de olhos no jardim.

Podemos resumir a história de forma sucinta: Um diabólico príncipe que tem a capacidade de conceder e realizar qualquer desejo... a um preço muito elevado. 

O novo lar dos Carver, numa remota aldeia da costa sul inglesa, em 1943, na fuga da guerra, está rodeado de mistério. Respira-se e sente-se a presença do espírito de Jacob, o filho dos antigos donos, que morreu afogado.

As estranhas circunstâncias dessa morte só se começam a perceber à medida que os jovens Max, a irmã Alicia e o amigo Roland vão descobrindo factos muito perturbadores sobre uma misteriosa personagem de seu nome… o Príncipe da Neblina.

Os três jovens terão de enfrentar esta diabólica figura capaz de tornar realidade todos os desejos em troca de um elevado preço.

O relógio que anda em sentido contrário. O gato se adopta a ele mesmo naquela família. O bosque e as estátuas de pedra. Os filmes de Jacob. O navio afundado e o farol. O avô de Roland.

O início da criação de personagens, ainda com muitas arestas para limar (e como limou bem essas arestas na tetralogia do “Cemitério dos Livros Esquecidos”). A personagem do Príncipe da Neblina precisava de um pouquinho mais de trabalho, de uma aura ainda mais sombria. Mais peso. Para o odiarmos. É uma descrição que às vezes não se entranha logo. Mas como Zafón foi aprendendo a desenhar personagens que se entranham em nós!  

No entanto, a história seduziu-me de tal modo que em dois dias tinha terminado o livro. Um enredo interessante e algo misterioso (Zafón já a mostrar este seu lado de terror e escuridão nos seus livros). A velocidade da leitura foi vertiginosa pois queria perceber os contornos da história. As pontas soltas que Zafón ia deixando ao logo da trama. O que o avô de Roland omitiu. E afinal como aconteceu a morte do filho dos antigos donos da nova casa de Alicia e Max? Muitas perguntas para um final inesperado e surpreendente.  

Neste livro escrito há tantos anos, já é notória a tendência de Zafón para uma escrita melodiosa, simples flores de palavras.

Um livro de uma simplicidade que encanta. Que mesmo assim vicia.

Ainda com alguns aspetos para melhorar, a genialidade do autor já lá está a ser trabalhada.

Um livro que nos relembra que sem um começar nada se pode tornar soberbo!

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Dia do Livro!

Porque hoje é o dia daquele amigo meu que conheço desde que me conheço e que me acompanha em todos os meus momentos.
O meu companheiro fiel de momentos e viagens. De risos e gargalhadas. De lágrimas. De sonhos e conquistas. A luz e o caminho. A minha almofada. A manta-conforto. O meu abrigo.
Uma das maiores paixões que a vida me deu e eu agarrei para não mais largar. O livro pelo qual me apaixono a cada novo começo. Um eterno amor numa amizade sem horizonte.
As palavras que leio e que escrevo. Histórias de outros. A minha história.
Hoje é o teu dia meu amigo Livro. Só para te dizer que te adoro e que fazes parte de mim. Já não viveria sem ti. Porque sou feliz contigo.

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Uma Páscoa Feliz!

As amêndoas no pacote. Pintadas pelas cores do arco-íris. Os ovos de chocolate. Embrulhados em doçura. O folar na tradição que não se esquece. Os sabores que recordamos.

A Páscoa que chega. A antecipar uma Primavera dos dias de sol que tem vergonha em se mostrar. As flores a florir. A harmonia na melodia dos pássaros. O aroma quente. O acordar do inverno.

Deixar a dor e o sofrimento no passado. Escondido mas não esquecido. A aprendizagem. Os erros. As quedas. As lágrimas. Porque faz parte de quem somos.

Um novo caminho que se ilumina aos nossos pés. Seguir os sonhos. Deixar pegadas de abraços. Espalhar sorrisos. Sermos um rasto de alegria.

Descobrirmos quem somos.

É isso que esta Páscoa nos convida. Dias de reflexão. Uma viagem ao nosso eu interior. Uma viagem em silêncio. Para nos ouvirmos. Uma conversa com o nosso coração. Na sempre companhia da nossa alma. Refletir quem somos. O que sentimos. O que queremos. Curar as mágoas. Escrever novos desafios. Limpar o velho. Abrir as janelas para o novo.

Encontrar o nosso eu.

Uma jornada para renascermos. Num simbolismo simbólico com a época cristã. Porque podemos renascer a cada momento. Soltar as amarras. Destruir os tabus. Apagar preconceitos. O renascer do nosso amor por nós. Aprender a viver. Uma tarefa nem sempre fácil, mas tão recompensadora.

Dias para renascermos para uma vida tantas vezes entorpecida dentro de nós.

Olhar para as pequenas coisas e vê-las com um brilho. Sentir a beleza dos momentos na luz que são. 

A Páscoa é um renascer. Uma simples palavra que é tudo por ser vida.

O nosso renascer! Reencontrar o nosso verdadeiro viver!

Uma Páscoa Feliz e que vos aconchegue a alma de conforto e paz!  

 

Foto : Internet

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Doer-me!

Hoje voltei a sentir aquela dor lancinante. O estômago amarrado a uma corrente que apertava e fazia doer. Queria vomitar antes de sufocar.
Estavas ali. E isso fazia-me doer.
Talvez se me esquecesses a tristeza fosse mais fácil.
Talvez se me apagasses o interruptor do coração, o poderia desligar para sempre.
Estavas ali. E isso fazia-me doer. Tanto. Imaginas o quanto?
Hoje quase chorei ali. Nunca faltou tão pouco para veres as lágrimas minhas.
Disfarcaste-me as lágrimas quando me desviei dos teus olhos. O amor sem sentido faz chorar. Apeteces-me chorar. Demasiado.
Talvez se me ensinasses o caminho poderia cair neste abismo que me espera. A cada dia tropeço mais num relógio da vida que parou para mim.
Talvez se me silenciasses as palavras poderia escrever-te noutra história. Um outro dia voltarei a escrever nós. Não sei é quando será. Até lá dói. Porque a solidão dói. És a minha solidão. Fazes doer-me.
Estavas ali. E isso fazia-me doer. E a dor escreve-se na almofada. Abafada para ninguém saber que dói cá dentro.
Hoje voltei a sentir aquela dor ao ver-te. E ainda dói. E vai sempre doer.

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Aquele nevoeiro de domingo!

Aquele nevoeiro de um domingo. Estranho. Uma primavera escondida vestida de dias que dezembro levou. Aquele nevoeiro que me fez lembrar de ti. Que me deixa os olhos turvos de apenas querer ver os teus eternos olhos mel-outono que se escondem no horizonte.
Aquele nevoeiro triste. Como aquela tristeza que sinto. Na minha alma. Na tua alma. Em nós. Que me abeira de um abismo que o nevoeiro esconde o precipício onde há muito já vivo.
Aquele nevoeiro silencioso. Um silêncio que dói. Como nos faz doer os nossos silêncios. Estas nossas últimas conversas de almas têm sido duras. Difíceis de sorrisos.
Aquele nevoeiro que mesmo assim adoro. Como tu. Sem saber porquê. Mas gosto de ti.
Aquele nevoeiro que volta. Tal como tu. Mesmo que dias nos separem, quando volto a olhar para ti, regressa tudo o que sinto. O bom, o mau. Aquilo teu que vive em mim acorda.
Se ao menos este nosso estranho amor pudesse regressar com este nevoeiro de domingo.

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Não é sobre ténis!

Não é sobre ténis.
Não é sobre moda ou tendências.
Não é sobre consumismo ou futilidades. Ou sobre saber aproveitar os saldos.
Não é sobre preparar a primavera envergonhada que se escondeu na sua timidez.
Não é sobre ser prática na rotina dos dias.
Não é sobre a facilidade para quem anda de transportes públicos.
É sobre esta paixão da leveza nos pés e na alma.
É sobre saber caminhar naquilo que sou. Saber quem sou. E eu sou assim. A aprender a correr na vida. Para isso preciso de leveza. Para os meus pés poderem levantar voo rumo aos sonhos.
É sobre confiança. Confiança em mim. Não precisar de saltos agulhas de centímetros para mostrar a minha confiança. Alicerçar o meu valor.
É sobre crescer com as raízes na terra. Para não me perder.
É sobre saber sorrir. Porque amo quem sou. Só assim respondo aos sorrisos de alma e coração.
É sobre ser feliz assim.

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Olhar!

Gosto de olhar o sol e escrever os teus olhos mel-outono.
Gosto de sentir a brisa do fim de tarde e escrever o teu sorriso.
Gosto de olhar os teus momentos e escrever-te dentro de mim.
Gosto de olhar para ti e escrever-te minha pessoa preferida das minhas palavras.

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Abril chegaste!

Abril chegaste com o cheiro a terra molhada. O aroma das recordações. A chuva que tanta falta faz para o renascer da vida neste mês que simbolicamente significa esse renascer.
Abril chegaste com nuvens cinzentas no despertar da tua primeira manhã para nunca nos esquecemos que no meio da escuridão há sempre algo que nos faz sorrir. Um momento que é o raio de sol que trespassa essas nuvens algodão-doce.
Abril chegaste com os nossos olhos estremunhados naquela vontade de dormir mais uma hora. Mas temos de viver essa hora e abrigar em nós mais memórias.
Abril chegaste com os pacotes de amêndoas pintados nas cores do arco-íris para adoçares as horas às vezes tão difíceis.
Abril chegaste, mas não és mentira. És real. Palpável no calendário.
Abril chegaste com novos desafios. Para escrever novas palavras neste teu mês.
Abril chegaste e traz contigo amor e flores.

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