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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Dia da espiga!

Manhã de espiga. Dia de tradições. Memórias do tempo nas minhas mãos.
O plantar e colher as flores da vida.
O renascer da esperança.
As cores para pintar a alma.
As pétalas dos sonhos.
O ouvir a melodia dos pássaros que voam alto no céu.
Lembrar-me de ti, avó querida, tão perto desses pássaros teus. Das flores do teu jardim. Do cheiro das nossas memórias.
A espiga. A saudade. Sentir-te. Sorrir porque me deixaste as sementes para ser quem sou.

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Cabelos brancos!

Cada cabelo branco que encontro em mim é um espinho que me arranha a alma. Que me dói no tempo que me envelhece o corpo. A vida que passa na cor que se perde. Sem nunca te ter trazido. A ti, amor meu, que pinta os cabelos brancos de sorrisos e memórias.
Cada fio de cabelo branco que vejo nessa barba tua é o destino que nos armadilha os reencontros sem que a vida tenha tempo de nos deixar abraçar.
Porque o tempo está a envelhecer-nos sem que estes cabelos brancos sejam memórias nossas.
Apenas são a tristeza de um tempo que nos trouxe e nos afastou.

Imagem : Internet

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Silêncio!

Há um silêncio que nos petrifica. Que nos gela os gestos. Que me baixa os braços da esperança.
Há um silêncio que nos assombra. Que dói. Ah e que dor tão lancinante é esta que dilacera a alma. O nosso silêncio que explode os ouvidos nesse agudo agoniante. Sinto-me surda de tantos gritos meus que fazem eco e rebentam sem voz.
Há um olhar que nos grita e nós não ouvimos. Dissimulamos. Olhos que gritam para acordamos e não continuarmos adormecidos nesta aparente fingida indiferença.
Há um silêncio no olhar. Que é dor. Os gritos da alma que tentam abanar os nossos corpos.
Mas ali ficamos parados sem nada dizer. Neste nosso silêncio surdo que nos petrifica o medo.

Imagem : Internet

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#opinião# Carlos Ruiz Zafón "As Luzes de Setembro"

Era uma manhã de uma primavera salpicada de uma chuva de inverno. A tentativa de  equilíbrio no comboio entre o saco no braço e o livro na mão. As últimas páginas. Uma lágrima. Não consegui largar o livro até o derradeiro ponto final.

De todos os livros da Trilogia Juvenil “A Neblina”, este “As Luzes de Setembro” é o meu preferido. Já se nota um Zafón a treinar a mestria da escrita e do suspense. Um enredo fantástico e imaginário mais coerente. A analogia ao que somos. As nossas sombras. E tocou-me particularmente, pois embora, as personagens principais sejam jovens, aborda o tema da solidão, algo que não escolhe idades.

De forma muito simples e sem entrar em grandes detalhes para não estragar o efeito surpresa, posso dizer que esta história - as páginas deste livro, porque parte da história começou muito antes – quando Simone e os seus dois filhos Irene e Dorian, em 1937, chegam à costa de Inglaterra, Cravenmoore, para uma nova vida, depois da morte de Armand Sauvelle, pai de Irene e Dorian.

Simone será governanta de Lazarus Jann, um misterioso fabricante de brinquedos. Irene irá estreitar laços com Ismael, um jovem marinheiro e os dois viverão grandes aventuras ao longo do livro com um farol como cenário de tantos episódios deles e não só. Sem nunca esquecer a tagarela Hannah que nos fará rir e muito chorar.

A partir deste momento serão mutos os momentos de suspense, de intriga e mistério. De muitas dúvidas que Zafón consegue desencadear no leitor “como é possível?”, “o que é isto?” ou simples exclamações de emoção “oh não….”, “não pode ser”. Às vezes quase nos sentimos ameaçados como as personagens ou a querer fugir dali.  Uma escrita já com elevados níveis de adrenalina. E sempre com muito negro e neblina a envolver as palavras.

Esta história fala muito de sombras, mas mesmo num patamar de leitura fantástica, a verdade é que podemos estabelecer um paralelismo às nossas sombras, os nossos medos, enfrenta-las para que nunca nos matem. Para que nunca sejam sombras malditas.

Depois de muita correria por entre os parágrafos, fechamos a trilogia com um final negro com as cinzas de um incêndio que poisam nos nossos olhos. O queimar para purificar.

Mas fica aquele sinal de esperança, aquela lágrima que caiu na última página, quando o amor de Irene e Ismael não se perdeu com a distância após aquela noite de ameaças e destruição.

Ao contrário da tetralogia “O Cemitério dos Livros Esquecidos” que deve ser lida pela sua ordem, esta trilogia pode ser lida em separado, por isso recomendo este livro para dias e noites de chuva como estes últimos dias.

Um autor a trabalhar para ser aquele mestre que vimos em “A Sombra do Vento” num livro que lá no fundo nos pode deixar a pensar.

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Olhar o mar!

Sabes, não te tenho escrito nestas minhas palavras. Nem aqui, nem naquele canto que tornei só teu. Foram horas de dias pintados de verde-azul, de árvores e mar. Desligar o interruptor da mente para outras realidades. Mas como consigo desligar de ti? Não me lembrar dos teus olhos mel-outono. Do teu sorriso sedutoramente obsceno. Tornou-se demasiado difícil não pensar em ti desde aquela tarde. A minha alma guia-se por ti. Seja rumo ao meu caminho ou ao abismo de não compreender porque sinto isto. O mar amigo meu diz-me para sentir como a brisa que baila nas ondas. Deixar ir, voar. Custa levantar voo. Sobretudo sem ti ao meu lado. Sem ti. Sozinha. Sem esperança no aconchego de um amor que nunca chegará.
Às vezes, confesso a este mar, tento não pensar em ti. Quando os meus passos acordam já estou lá, ali para te ver. E quando sei que estarás lá e os nossos relógios se desencontram, os joelhos tremem numa agonia lancinante. Tenho medo de não saber se amanhã te irei ver. É um aperto que sufoca. Por isso, o meu tempo é meu e teu. Um minuto que seja a olhar para ti é um minuto que a vida me ofereceu. Tenho colecionado vida para depois te recordar. Aqui junto ao mar. Contigo nas minhas memórias. Não quero mais memórias. Apenas a tua.
Sento-me a ver este mar, longe de tudo. De todos. Apenas eu e a solidão. Ali as duas, sentadas lado a lado. De costas porque a solidão tem vergonha. A solidão dói. A solidão chora. Olhamos para o horizonte e penso se algum dia a solidão partirá e te deixará a ti sentado ali. Sabes, acho que não. Que ficarei ali numa eternidade a envelhecer numa espera infinita. Ali sozinha. Eu e a solidão. Eu e o mar. A escrever-te no meu coração. A chorar lágrimas de sal. Aquelas que guardo quando te desvio os olhos de mim.
Choro para crescer. Já cresci. E continuo a chorar nos braços deste mar para crescer ainda mais. Para ser forte e não precisar de um abraço-casa para sentir que tudo vai correr bem. Porque a solidão é a minha casa onde vivo desde sempre. E agora com vista ao mar, para a solidão ser a minha tranquilidade.
Sabes, não escrevi um desejo meu para lançar ao vento e levar às estrelas. Escrevi o teu nome nas nuvens e sussurrei para seres sempre feliz nesse teu mundo de princesas encantadas. Eu fico bem junto ao meu amigo mar. Sossegada a ver-te ser feliz.
Sabes não te escrevi estes dias, mas não houve um minuto que a minha alma não te tenha escrito longas cartas para te sussurrar quando te visita nos teus sonhos.
Sabes, confesso ao mar, acho que me apaixonei pela tua alma.
E eu fico ali de olhos perdidos no mar à procura do mapa da minha vida.

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Olá maio!

Olá meu querido mês maio, chegaste nessa brisa suave a primavera. Esse aroma a flores que perfumam os dias e encantam as noites, enquanto os pássaros sussurram doces melodias nos ramos das árvores que florescem nesse verde-esperança. Uma esperança que tem de florescer depois de tantas vezes morrer no inverno do coração.
Mês de sol e raios de sol que roçam a pele antecipando o quente do verão que transpira a alma. O calor para fervilhar o sonho para não estar naquele eterno lume brando.
Mês das borboletas que salpicam de arco-íris este nosso céu. Símbolo do renascer constante que somos.
Mês da mãe, aquele ser humano especial que escolhemos para regressarmos a esta vida. A nossa também mãe natureza que temos de acarinhar e cuidar dela. A nossa casa. A única que temos.
Chegaste, meu maio querido, traz contigo flores e sonhos, sorrisos e amor, paz e tranquilidade.

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