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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

A princesa dos caracóis!

Existem muitas princesas por aí. Mas há a princesa dos caracóis. Que tem nome. Que não interessa porque é a princesa dos caracóis. E isso chega.
A princesa dos caracóis é tão pequena nesse seu trono cor de rosa, a cor das princesas. Tem olhos de primavera-luz e sorriso arroz-doce.
A princesa dos caracóis é flor e por isso tem um vestido flores-outono. Veste meias cor do sol que ilumina os corredores do seu castelo. Não tem sapatos de cristal porque a princesa dos caracóis já é puro cristal aos olhos de quem a ama.
A princesa dos caracóis tem um laço no cabelo que lhe prende os caracóis dos sonhos para que nunca lhe fujam.
A princesa dos caracóis lê histórias de encantar para um dia mais tarde se lembrar que a princesa que hoje é será a criança que viverá sempre nela. Sem nunca perder de si aquele sorriso maroto rabiscado a traços de timidez.
A princesa dos caracóis dorme em almofadas-nuvens para o seu sono ser estrelado de estrelas. Onde viaja nos unicórnios nesse mundo encantado que tem em si.
A princesa dos caracóis é filha de rei e rainha que nas muralhas dos seus braços a protegem dos tropeções. Que a levantam e lhe limpam as lágrimas. Que a crescem em amor. Que esse amor nunca lhe seja abandonado.
A princesa dos caracóis é a mais bonita das princesas.
Que a fada encantada da vida a deixe sempre ser a princesa dos caracóis assim como é.

Imagem : Internet

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Armários de memórias

Hoje vi aqueles armários cheios de história a serem limpos. Memórias que ali estavam foram despejadas. Um despejo há muito certo. Agora concretizado. Não sei para onde foram aqueles pedaços meus e nossos dos últimos anos. Acho que nem quero saber. O papel apodrece. Mas a tamanha e imensa aprendizagem fica em mim. O que aprendi não consegue caber em reduzido espaço. Ali estava o palpável. Porque o mais importante ficou connosco.
Olhava para os armários vazios e vi ali tanto de mim que cresceu desde o momento em que os abri pela primeira vez. Não esqueço os stress que me deixaram tão mais forte. Guardo as alegrias, os sorrisos. Ainda ouço as conversas nossas. Trago as amizades que tanto me ensinaram e que não se perdem por aí.
Olho o vazio que fica. Enfrento o que foi e que não voltará. Ainda há aquela tristeza que ali ficou. No entanto, há uma profunda gratidão minha porque na história daqueles armários fui-me tornando quem sou. Pessoas raras que puxaram as mãos e me escreveram o não desistir. Que me cresceram a alma e me protegeram.
Às vezes sinto saudades de abrir aqueles armários. Contam momentos que serão sempre meus. E que jamais ninguém pode despejar de mim.
Hoje limparam aqueles armários. As prateleiras sem nada. Um imenso vazio. Um ciclo que se fechou.
Agora que se abram novos armários algures por aí para voltar a construír novas histórias. Mas histórias felizes. De dias que nos pintam a alma de alegria. De momentos que nos preenchem.
E sei que um dia voltarei a encher armários assim. Como aqueles que hoje despejaram.

Imagem : Internet

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Manhãs!

Manhãs que nos fazem lembrar a cor dos fins de tarde. As tardes tuas.
Luzes que me recordam o teu sorriso. Que me lumina.
A chuva que nos acorda assim como a tua alma me despertou quem sou. As lágrimas que foram e às vezes ainda o são. O que tu me és.
As árvores que se recolhem para gerar vida. A vida que me acena no teu rosto.
Manhãs que me lembram de ti.
Porque és assim tempestade e bonança.
Porque és luz e caminho.
Manhãs minhas que desejam as tardes dos teus olhos.

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Natal em construção

Quando a chuva já se sente na janela e o frio obriga aos casacos mais quentes. Quando a água se torna chá e o leite se torna chocolate quente, bateu-nos à porta o Natal. Aquela época mágica dos gorros. De escrever sonhos ao Pai Natal que este universo nos é.
O Natal que construímos dia a dia, gesto a gesto, momento a momento. Um dia, talvez, por tanto e tudo que já vivi e que ainda me arranha a alma, fechava os olhos ao natal. Até que resgatei esta minha criança que vive em mim. A criança que adora as decorações para trazer vida à casa. Esquecer o tanto e difícil que ainda lá habita. A criança que salta porque este ano tem uma bola de natal que é caixa de música. A criança que se perde em cores e brilhantes de todo esse mundo da decoração natalícia.
Aprendi a amar a casa. A dar-lhe vida. A espalhar tranquilidade onde às vezes reina o caos. Por isso este Natal em construção não é mais que o meu eu que se constrói naquilo que realmente sou. E este meu eu adora decorações de Natal.
Que o espírito natalício (aquilo que realmente o Natal é) esteja sempre em construção dentro de nós.

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Sábado....

Sábado à noite. O sofá no descanso da semana de dias que nos desmotivam. O ficar aqui neste sofá a absorver o dia de aprendizagem que o sábado foi. Mas o sossego não me chega à alma. O filme de natal na televisão que não me concentra.
Os joelhos ainda bamboleiam. O estômago fechou-se. A garganta enrolou-se. Quando te vi ali. Inesperadamente.
Olhei-te e os meus olhos acharam-te uma alucinação minha. Qual a novidade de já me teres enlouquecido o coração?
Voltei a olhar. Os teus gestos. Parecias mesmo tu. E mais ninguém tem isso que tens em ti.
Olhei olhos nos olhos do universo à procura de um sentido para aquele cruzar de caminho. No hoje em que fui aprender um pouco mais de quem sou. Quando pensei em ti e no tanto que o nosso reencontro de almas me ensina.
Não sei o que disse ao universo. Acho que só lhe disse "é mesmo ele...hoje?". E eras mesmo tu. Deixei de pensar em porquês. Quis somente sentir. Porque permitir-me sentir é permitir viver-me.
Talvez o universo me tenha dito nesse teu rosto para aceitar este sentimento. Aceitar que era assim que tinha de ser este reencontro nosso. Aceitar que fazes parte de quem sou. O meu crescer. Descobrir a minha essência. Mesmo que seja no nosso silêncio. No amor que guardo nos teus olhos.
Aqui neste sofá de sábado penso em ti. Aceito que penso tanto em ti. És o meu pensamento mais bonito. No que gosto mais de pensar. Deixo-te ficar nas minhas emoções. Porque foi isso que hoje o universo me disse. Para te deixar ficar em mim enquanto precisarmos de ficar um no outro.

Imagem : Internet

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Doer-me o tempo!

Há um tempo que começa a doer-me. A doer-me em quem eu sou. A minha essência que se quebra no relógio que corre por mim e não me deixa apanhar o comboio disso a quem um dia escreveu que era amor. A estrada disto que sinto por ti e que talvez nunca perceba como pode ser tão avassalador. Às vezes o corpo dobra-se no sufocar deste sentimento que às vezes lateja em dor. Há uma dor tão minha nos meus dias e o tempo foge-me. Foge com a esperança. E como dói vê-los ir no seu caminho sem mim. Deixam-me aqui sozinha. Sem horizonte de sorrisos. Lágrimas que não vês. Não és só tu que escondes os olhos teus. Também os escondo de ti. Numa fraqueza que me devasta. Há um tempo que me fere ao olhar-te. Que me sangra esta ferida que nasceu comigo. E como agora acordou de um sono adormecido. Com uma força que é terramoto para os sentidos. Que me desmaia as emoções. A ferida que dói na solidão do tempo que me acorrenta a esperança. O ventre que seca a vida. Há um tempo que me faz doer. Uma tristeza que me desampara o coração. Estar perdida à procura de ti num outro reencontro. Um reencontro de beijos. Sem saudades. Existes tu. E gosto de ti. Neste tempo que me faz doer. Que me treme as palavras. Se ao menos pudesses abraçar-me o tempo. Talvez o tempo me doesse menos. Imagem : Internet

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Lua Cheia!

Uma lua cheia que nos corria os passos na escuridão da estrada. Lá do alto do seu abrigo-céu o seu brilho obrigava-me a olhar para ti. Para não me perder em devaneios de conversas. A lua não nos quer a pensar. Quer-nos a sentir as emoções. A viver quem o nosso coração é. A sinceridade do que sou.
A lua cheia pulsa-me a alma nessa intensidade de emoções que sou ao ver-te. Um inexplicável gostar de ti.
Um silêncio de escorpião. Uma aparente calma. Mas o abismo que sou a gritar-te. E a lua ali aos teus pés a viver-me o que sinto. A abanar-me. Mas continuo a sentir-te no coração. Não me largues no abandono da solidão das nossas almas.
É noite de lua cheia. Faltou-me aquele olhar-lua dos teus olhos. Que me arrepia o calor do corpo. Que me faz tremer sem a lua se mexer no horizonte. A lua que me agarra os sentidos e os leva até ti nestas palavras.
Há uma lua cheia lá fora desta janela já fechada. E eu sussurro-lhe que te leve os teus sonhos até ti.

Imagem : Internet

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#opinião# Wray Delaney "Memórias de uma Cortesã"

Um livro comprado assim numa promoção e que me agarrou durante dias sem o conseguir largar. Assim foi com “Memórias de uma Cortesã” de Wray Delaney, uma ilustre desconhecida para mim.

Somos apresentados a Tully, a mulher mais desejada de Londres pelos rumores dos seus dons, aguarda a sentença. Acusada de homicídio, apenas lhe resta contar a sua história a quem a pode salvar da morte certa. Para isso escreve as suas memórias e é aí que vamos ouvi-la escrever a sua curta mas difícil vida.

Um pai jogador que a perde no vício. Um pai que casa a sua filha aos 12 anos para pagar as dívidas de jogo. Um casamento que irá desenrolar tanta história e que nos trará um final tão surpreendente. Mas nada vou contar para não arruinar o efeito surpresa. E que inesperada será essa surpresa!  

Revoltada por ser tratada assim, Tully abandona a casa do pai de forma teatral e soberba (o marido ela não conheceu pois partiu para longe e o segundo casamento do pai foi um farsa).

É acolhida pela ex-madrasta que afinal é dona de um dos bordéis mais sumptuosos de Londres, onde descobre a sua vocação como cortesã. Onde aprende o amor e a dor, pois é lá que conhece o amor da sua vida, Avery de seu nome. Um amor que tantas voltas dará e que a todos nos parece impossível. Mas que nos apaixona intensamente.

Conhece também o feiticeiro, o excêntrico e misterioso Mr. Crease, e torna-se sua aprendiz por todos os poderes que tem, como conseguir mostrar pessoas que já morreram aos olhos de todos. Um poder que lhe poderá ser caro ou a salvação. Um realismo mágico que nos envolve.

Um livro com descrições que nos transportam para o erotismo. Um livro apelidado de conto de fadas erótico, mas para mim não teve tanto disso. Sim, é uma viagem ao submundo londrino do século XVIII, o poder dos homens nobres, cheio de jogadores e jogos, bordéis e sexo. Mas acima de tudo é a história da força que uma mulher pode ter. A crueldade de vender o corpo numa sociedade desigual. O amor verdadeiro a que todos temos direito. A paixão. A dor. A solidão. A injustiça.

Um livro que nos agarra logo na primeira frase e no qual sentimos a força de Tully em todas as suas páginas.

Um livro entre a ficção histórica e o romance erótico passando pelo realismo mágico.

Um livro de uma luta sem baixar os braços. E um final que se abraça ao nosso coração.

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Enlouquecer...

Ontem achei que o universo já me enlouqueceu de ti. Ali os traços do teu rosto. Tive que fechar fortemente os olhos e voltar a abri-los. Não, não eras tu. Talvez uma alucinação minha de ti ali naqueles momentos que me são felizes. Faltava nesse rosto tão parecido ao teu, as tuas rugas. Aquelas rugas tuas que são a tua história. Que a minha alma gosta tanto de ler. Dançava e as mãos no cabelo eram quase as tuas mãos quando tocam os brancos do teu cabelo. Que te são tão teus. Esses brancos que me iluminam o sentir. O teu sorriso de repente qual flash fotográfico. Senti vontade de ver o verdadeiro sorriso teu. Tinha de abanar-me quando via ali as viagens que temos feito nos nossos olhares. Mas não perdia os passos da coreografia. Estava ali focada no que me faz sorrir. Focada em mim. Como me tens ensinado a focar-me em quem sou. Sem me distraír com irrelevâncias. Não era sonho ou pesadelo. A t-shirt suada em água. O corpo naquele formigar daquela dor boa que se entranhava nos músculos. Escrevia-te enquanto dançava nas palavras. Sem nunca sair dali. Do momento meu. Ontem quis perguntar ao universo se me quer enlouquecer nisto que sinto de ti em mim. Talvez o universo me diga para simplesmente sentir e caminhar. Sem pressas em mim. Isso, sentir-me. Sem medos de quem sou ou do que sinto em mim. Talvez este meu enlouquecer de ti seja o meu constante acordar.

Imagem : Internet

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Os sonhos da D. Rosa

A D. Rosa fazia sonhos. Sonhos feitos com aquele ingrediente tão especial chamado de carinho. A D. Rosa é a esposa do Sr. Costa, os donos do café infância da minha rua. Onde nos meus 6 anos devorava caracóis como quem se empaturra de chocolates. Eram os caracóis da D. Rosa temperados com afeto. Onde o Sr. Costa trazia das suas colmeias favos com mel e eu trincava no passeio até casa.
O Sr. Costa já se despediu há muito de nós. A D. Rosa há muito que se reformou e está no conforto do campo.
O café ainda existe. Sem os sonhos da D. Rosa. Aquele café não é o mesmo sem eles. Tantas memórias da infância que ali nasceram.
Todos os anos vejo sonhos industriais. Há muito que deixei de os comer. Sabem a um nada. Vazios de paixão.
Lembro-me dos sonhos da D. Rosa que amassava a massa com os seus braços e ficava ali na cozinha à espera da fritura.
Tantas vezes que os comi quentinhos que aqueciam o coração. Não percebia na altura como era tão bom aquele sentir.
Os sonhos da D. Rosa eram diferentes. Eram sonhos com sabor a amor. Tenho saudades de sonhos assim. Dos sonhos da D. Rosa.

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