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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

#opinião# Trisha Ashley "Um Desejo por uma Estrela"

Chega dezembro. Chega o mês do Natal. Chega, assim, o mês para uma ou mais (se for possível) leituras de Natal. Este livro já estava na minha estante há mesmo muitos meses (talvez desde o início do ano) por isso, quando o calendário entrou no mês doze, “Um desejo por uma estrela” de Trisha Ashley foi a minha imediata escolha, pois a primeira vez que li esta autora também foi na altura do Natal com “Noite de Reis” que transpira o espírito da quadra natalícia por todas as páginas

Uma capa que nos remete para o Natal, a antevisão de um leve romance natalício (às vezes também é preciso ter umas leituras para descomprimir). Mas acho que assim que comecei a ler sabia que haveria algo bem mais emocionante que um mero romance de Natal. Somos apresentados a Cally, uma mãe solteira, cuja sua menina Stella, que nos vai apaixonar durante todo o livro, sofre de uma doença cardíaca e precisa de ser operada em Boston, sendo que o cenário da nossa história é Londres e a aldeia de Sticklepond.

Conhecemos a história de Cally e Stella até ao momento em que, para mim, o romance verdadeiramente se inicia. Para angariar dinheiro para a intervenção demasiado dispendiosa, Cally vende a sua casa e muda-se para a aldeia da mãe. Nesse local vai decorrer toda a história. Vamos adorar Stella, uma personagem encantadora, uma criança extremamente inteligente, meiga, bem-humorada, e com falas muito divertidas que nem parecem ser ditas por uma criança tão pequena. Que conversas deliciosas essas com que Stella nos brinda ao longo do livro.

Uma história que nos transporta para o ambiente de aldeia onde todos se conhecem e onde o espírito de comunidade faz parte da gente que são. Ambientes emocionais que nos comovem.

A união de todas as pessoas da aldeia para conseguirem o dinheiro para a viagem e operação. Ali está o verdadeiro espírito natalício. A dádiva, a entreajuda.

Também vamos encontrar com Jago, um pasteleiro cuja sua simplicidade e ingenuidade é cativante. Entre Jago e Cally vai nascer algo muito forte que se sente nas palavras da autora e que a doença de Stella vai tornar o que sentem ainda mais sólida. Um amor sincero, de ajuda e partilha.  Um amor sem pressas no seu tempo de acontecer.

Não posso deixar de referir que Cally é autora de livros de receitas e escreve para diversas revistas especializadas. Nós, leitores, seremos brindados com muitas das receitas que vai partilhando ao longo no livro no seu dia-a-dia. E no final do livro teremos algumas receitas completas (desculpem ser spoiler!).

Um livro que pode ter algumas falhas com momentos que arrastam a história ou os ex de Cally e Jago que pouco ou nada acrescentam à história, mas que são compensados por personagens secundárias que são absolutamente maravilhosas que nos dão lições de humildade e generosidade.

A leitura perfeita para dias frios e chuvosos, mas é melhor não ter muita doçaria por perto porque a tentação de comer vai ser mais que muita só de lermos as descrições do que Cally está a cozinhar. Acho que até as palavras nos engordam os sentidos.

Um livro que recomendo porque reflete aquilo que verdadeiramente o Natal deveria ser!

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O teu olhar-luz!

Trago do fim de semana que já foi a luz dos teus olhos. Um mero segundo de tempo que agarro a mim para aguentar os dias que chegam.
Os teus olhos ali quando o sol cresce alto no céu. Ver como te brilha esse mel-outono que te pinta os olhos. Longe dessa fronteira entre o dia que já não é e a noite que ainda se apronta para nos dormir. Esse limbo de tempo quando o tempo me deixa a alma sentir-te. Porque os olhos estão embrenhados na escuridão do inverno. Na qual te entranhas e eu me perco de mim porque vais e eu sigo na direção oposta do gps do meu coração.
A luz, que trazes nessa profundidade do teu olhar que nem as olheiras disfarçam, caminha no abismo das minhas sombras. Sombras que vêm dançar comigo. Para não ter medo delas. São minhas e minhas serão. E essa luz que vi nos teus olhos ilumina os meus medos. Para os afugentar de mim porque os medos me atrofiam os sonhos. E eu ainda preciso de sonhar-te para me sonhar a mim. Os teus olhos que me adormecem na memória que fica. Que destrói os meus pesadelos.
Trago do fim de semana o segundo dos teus olhos mel-outono em mim. A luz que vi em ti vou perseguir em mim porque os teus olhos refletem a luz que tenho e que às vezes não sei onde está. E tu obrigas-me a ir à procura da luz minha. Podes ficar por perto enquanto não brilhar naquilo que realmente sou?!

Imagem : Internet

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Dás-me vontade de chorar

Dás-me vontade de chorar. Nada me fizeste para tal. Há um tratado de respeito entre as nossas almas que não nos fazem desviar da integridade dos nossos corpos.
Os nossos olhos continuam a conversar naquele nosso silêncio que só nós conhecemos. No entanto algo mudou. E isso que nos mudou faz-me pintar o rosto de lágrimas.
Encosto-me nessa janela da vida que nos corre. O ar da noite congela-me o meu respirar. Mas essas lágrimas choram-me na alma qual rio turbulento ansioso por desaguar no mar onde posso nadar numa liberdade de ser feliz que há tanto me escapa ao coração.
Talvez esta vontade que tenho de chorar. De te chorar. Seja esta minha ferida que precisa de chorar para se limpar. Talvez a ferida que trago tenha memórias tuas. E as memórias precisam de se libertar e voar.
Dás-me vontade de chorar. Não para curar a ferida. Mas para saber tê-la dentro de mim. Para a acalmar. Falar com a minha ferida como a tua alma me sussurra dói. Para aprender a minha ferida tenho de conhecer o seu abismo. E tu trouxeste-me a ferida para me tornar mais forte.
Dás-me vontade de chorar. Chorar não é fraqueza. É assumir quem sou e o que sinto.

Imagem : Internet

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