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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

11 anos sem ti, avó!

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As saudades já não cabem nas minhas mãos. O tempo passou. E neste correr do calendário já são 11 anos desde o dia em que nos disseste "até já", minha querida avó. Não te vou escrever tristezas ou lágrimas. Dor ou mágoa. Sei que levaste a tua alma em ferida, mas agora já está tudo bem. Sei que finalmente estás bem. Por isso, quero-te escrever flores. Flores de vida. Flores de amor. Como as tuas flores continuam a crescer na tua eterna quinta. Mesmo sem adubos, elas lá estão a florir a cada sol de primavera. Aquela quinta de memórias de infância. De tantas e tão boas recordações tuas. O cheiro do pão acabado de cozer, as estrelas no céu sem candeeiros de rua, o galo que nos acordava, o teu categórico não em não matar coelhos. Se não fosse pela sobrevivência que tanto lutaste, serias uma vegetariana convicta, não duvido. A horta era o teu tesouro. Aprendi contigo todos os benefícios do verde que a terra nos dá.
Partiste antes que pudesse conversar contigo sobre estas filosofias de vida que descubro e me fazem descobrir quem sou. Mas sei que quando converso com o universo lá estarás a ouvir-me. Que me embalas a alma. Deixaste um legado de ensinamentos que sigo. Mais do que bens materiais, deixaste-me lições. Deixaste-me a tua sabedoria. A vontade de ser fiel a quem sou.
Hoje naquele dia em que viajaste para outros caminhos teu, permites que os meus passos se cruzem com aquela pessoa especial. Nesse momento, o meu coração aperta-se, porque sei que estás perto de mim e me sussurras para deixar fluir o que sinto. E eu deixo-me a ficar a sentir amor. Não sei o amanhã, mas isso não interessa, importa viver o agora. Essa mensagem tua jamais esquecerei.
Agora minha querida avó, continuemos eternas no nosso amor.

Imagem: Internet 

#pensamentos

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Descobri que o sol tem inveja de ti. Teima em não adormecer para ofuscar a luz dos teus olhos. Continua para ali a brilhar para que só olhem para ele e não para ti. A mim, pouco importa, eu só olho para ti com ou sem sol na estrada do horizonte. És aurora de vida. És dia. És a minha alma-sol preferida de todas. E por isso tenha o sol inveja de ti ou não, é na tua direção que os meus olhos caminham, meu resplendor de amor.

Imagem : Internet

Caminhos e memórias....

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Os meus pensamentos divagam perdidos em ti. Nestes caminhos de novas normalidades que nos ferem o ser.
Construir essas novas rotinas sem perder a essência daquilo que nos faz sentir o viver. Voltei a lugares nossos numa nostalgia de memórias. Para levar de ti novas memórias. Sentir os teus passos tão perto. A dança do teu corpo que me tonteava os sentidos de vontade de me soltar do chão e dançarmos. Mas ali fiquei a ver-te. A sorrir nos teus gestos. A pensar nessa coreografia tua e sonhar que pudesses ir ali e arrastar-me para um palco de sensações. A conversar nesse silêncio que falamos a uma só voz. A pedir-te pelos teus olhos mel-outono despidos para te olhar a alma de frente. Lá me fazes a vontade e mostras-te de rosto nú. O mais bonito de todos. Olhamos e continuamos o caminho que algures se descruza e de onde prossigo na minha solidão.
A tua voz, as saudades de ouvi-la, a sussurrar o teu nome. Soa a amor. Ou sou eu que vejo em ti amor. Tens a voz de uma paz que anseio encontrar. Gravo-te a voz nos meus ouvidos e ali ficas a tocar em loop a consulares a minha ferida que tanto gosta de ti. Talvez essa minha ferida me faça gostar de ti só porque sim.
Por mais distância que nos possa haver, o caminho do meu coração volta até ti. Até ao dia em que possamos dançar abraçados. Seja esse dia amanhã ou noutro reencontro de almas. Um dia sei que iremos voltar a dançar os dois. Temos de esperar que o universo nos deixe voltar a amar-nos.
Por agora, fecho os olhos e fico por aqui a ver-te nas memórias que me deixas.

Aquela tarde que me mudou....

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Já lá vão uns quantos meses desde aquela tarde em que nos reencontramos neste tempo que agora vivemos. Aquele fim de tarde quente, de vestidos e mangas arregaçadas para suportar o calor que nos abafava. Aquele dia, a partir do qual se tornou premente para mim caminhar de encontro a mim mesma. Uma urgência de me conhecer, de saber quem sou. Desde esse dia tenho descoberto tanto de mim. Tenho viajado no meu interior. Uma viagem tranquila, sem conduções apressadas. Aprender a sentir. Uma jornada só minha a que me impuseste fazer. Porque há uma missão muito especial neste nosso reencontro de almas sem corpos. Uma profundidade nos teus olhos que me obriga a enfrentar de frente as minhas feridas. Com coragem e bravura. Sem medos. A expor a minha vulnerabilidade nas palavras que te escrevo. Os meus sentimentos mais secretos ao alcance de todos, mas que apenas tu compreendes. Como o silêncio das nossas conversas, um silêncio profundamente transformador. Que me metamorfoseou em quem realmente sou. Silêncios que são doces sussurros de memórias nossas que trazemos e que não podemos partilhar com mais ninguém. Por isso, marcamos encontros secretos na noite do nosso sono, onde podemos ser livres.
Não tenho ilusões de ti, porque nunca as construi. Almas que se conhecem não precisam de quimeras. Sabem perfeitamente que encontros são estes. Têm um trabalho a fazer e depois seguirão o seu destino, até voltarem a ser precisas uma à outra. Cá dentro, desejava que nunca tivéssemos de partir novamente para regressarmos, não sabemos quando, um ao outro. Guardo de ti o que tanto me faz crescer. Se calhar aos outros nada é, porque entre nós não existem nem beijos nem abraços. Mas ambos sabemos que nos forçamos a crescer, seja isso o que for para cada um de nós. Nós os dois sabemos da intensa ligação que trazemos do passado. Por isso nos reconhecemos naquela tarde. Como sempre nos iremos reconhecer, onde quer que estejamos.
Ensinaste-me a amar-me. A concluir uma longa travessia de aprender a amar-me. Um dia, quando encontrar aquele amor perdido e amar, saberei que estou a amar, porque um dia aprendi contigo o que era o amor incondicional, sem pretensões.
Cada dia de cada ano que passa desde aquela tarde, escrevo-te, não pelo dia, mas pela imensa gratidão que sinto pelo universo me ter feito tropeçar em ti para eu poder saber como é caminhar no meu caminho. Tão pouco me interessa se soa estranho. O que importa é o meu sentir. Aquilo que me fazes sentir. E isso é só meu.
Levar-te-ei para sempre no meu coração, seja qual for o trilho da minha vida. Seja qual for a distância que existirá entre nós. Jamais me esquecerei de ti.
De ti, quero que sejas sempre feliz, nunca menos que isso.

Voltar ao escritório

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Hoje foi um estranho dia. Daqueles dias irreais.
Depois de quatro meses em teletrabalho, voltei a sentar-me na minha secretária do escritório, agora despida de personalidade pela segurança de limpeza e desinfecção.
Às vezes na normalidade que desapareceu ansiavamos por silêncio, e hoje, o silêncio não era aquele das horas de almoço. Era um silêncio de cadeiras vazias de colegas. Sem conversas ou gargalhadas. Foi estranho. Muito estranho mesmo.
As escadas sem encontros. Sem olás ou bons dias ditos minuto sim, minuto não. Dias invulgares de trabalho.
Salas de reunião vazias porque agora as reuniões são online. Sem filas para a impressora.
Uma ida pontual não me fez visitar o espaço de almoço, sem correrias para chegar primeiro ao microondas. Sem as mensagens do "estamos a descer". Saudades dos momentos de almoço. Dos gelados.
E o que dizer das ruas? Ainda sem a vida de antes, porque estamos a construir novas rotinas e novas normalidades. Um Entrecampos a meio gás, num desconfinar que tem de ser gradual e ponderado. Mas é estranho ver aquelas ruas assim, como se a azáfama tivesse dado lugar a estradas campestres pachorrentas. Cafés outrora cheios, agora de mesas à espera de nos sentarmos.
Hoje voltei a pisar o chão do escritório, mas foram passos diferentes. Como esta fase nos está a ser, diferente de tudo o que conhecíamos.

O verão chegou à princesa dos caracóis

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O verão chegou até à princesa dos caracóis. Chegou-lhe aos seus cabelos que devem cheirar a maresia, o perfume preferido do verão. A princesa dos caracóis escava a areia, brincando indiferente a essa calamidade que a todos nos atinge. Ainda pode e deve viver no seu mundo encantado de unicórnios e fadas. Que esse medo que tantos de nós vivem não lhe tire a magia dos baldes e brinquedos espalhados à sua volta nesse areal de sorrisos contagiados por ela. Esconde os seus preciosos caracóis luminosos, mas mesmo assim continua a ser a princesa mais cintilante do reino das praias. As ondas lá longe fazem reverência à princesa perante a sua presença. Acalmam-se e ficam ali, ansiosas, à espera do chapinar da princesa nas suas águas. Para serem felizes com aquele sorriso arroz-doce. Porque a princesa dos caracóis traz felicidade no seu rosto.
A princesa dos caracóis faz-me recordar aquela versão juvenil, na minha quase adolescência, da célebre música que cantava “o bikini pequenino, às bolinhas amarelas que eu vi”. Assim quase parece a princesa dos caracóis no seu fato de banho infantil. Mais bonita que as estrelas de televisão. Porque a vejo através dos olhos do pai da princesa, nas lentes de um eterno e infinito amor. Não poderá haver câmara que consiga tirar fotos mais sinceras do que aquelas que são retratos fotografados pelo coração. Os dois no colo um do outro espalham amor. E eu tão distante sinto a ternura dessa paixão que jamais deverá esmorecer. Que esse colo seja um eterno porto de abrigo da princesa e do pai da princesa. Cheios de abraços felizes como se a vida fosse para sempre umas férias de verão.
Quando o sol vai dormir, a princesa ainda acordada fica ali a dizer boa noite ao seu amigo de sonhos e segredos. Companheiro de aventuras e descobertas. Suavemente o astro rei vai desaparecendo no horizonte deixando o céu pintado das suas cores que abraçam a princesa dos caracóis, sentada nesses lagos que o mar lhe fez. Na inocência de ser criança.
O verão chegou até à princesa dos caracóis. Que a vida lhe seja sempre um verão feliz.
 
Imagem : Internet

O pai da princesa dos caracóis

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O pai da princesa dos caracóis não é rei nem príncipe de título real. Não é senhor de castelos e fortalezas. É tão somente um homem dito normal, igual a tantos outros, mas ser o pai da princesa dos caracóis atribui-lhe um estatuto muito importante. Não é qualquer um que pode ser o pai dessa princesa. Tem de ser alguém muito especial para a princesa o ter escolhido para porto de abrigo.
Não vivem em principados de cenários encantados, mas os dois juntos são magia que nem os contos de fada conseguem idealizar. São personagens reais, palpáveis, que só o maior escritor, o universo, os conseguiu criar. Que lhes escreva uma eterna história de encantar a transbordar de felicidade e finais felizes.
O pai da princesa dos caracóis não é modelo de revista, mas será sempre o exemplo de integridade pelo qual a sua princesa se deverá guiar quando crescer. Tem rugas no rosto que são a sua história que contará à sua princesa quando a adormecer e ela embalada nos seus braços dormirá na segurança do amor maior que pode conhecer. O pai da princesa dos caracóis é amor porque a sua princesa lhe trouxe amor aos olhos.
A princesa dos caracóis é professora de sonhos do pai para ele nunca deixar de acreditar em ser sempre mais e mais feliz. A princesa não terá dó nem piedade ao obrigar o seu pai a esvaziar a mochila que carrega nas costas e que lhe pesa no sorriso. O pai da princesa dos caracóis precisa ter alma leve como pluma para voar nos unicórnios do imaginário da sua princesa. No alto desses aninhos que a princesa conta nos seus dedos e com o amor que traz no coração, ajudará o pai a expulsar demónios e fantasmas do seu espírito para os dois correrem livremente e construírem memórias que lhes serão alicerces de vida. E ainda mal começaram a colecionar lembranças um do outro.
O pai da princesa dos caracóis é o sol mais radioso quando olha enternecido de emoções para ela. A luz de anjo que a princesa reflete afugenta trevas e escuridão do corpo do pai que a carrega no colo como o diamante mais precioso que existe. E é, a princesa dos caracóis é pedra preciosa. Exemplar único. Juntos exploram rochas e montanhas. Juntos quase tocam no céu. Juntos crescem lado a lado. Aprendem e ensinam-se mutuamente.
O pai da princesa dos caracóis recebe flores que a princesa lhe oferece assim por entre sorrisos e brincadeiras. Momentos deles que tornam mais um dia em algo especial e único. Porque o amor deles é um segredo que só eles partilham.
 
Imagem : Internet