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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Teimamos no silêncio

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Teimamos nisto do silêncio. De não falarmos de voz assumida. Fugimos das conversas superficiais do tempo e dos livros de 1000 páginas que carrego nas minhas mãos. Estamos ali perto e fugimos de uma troca de palavras. Medo de vaguear e nos abeirarmos no abismo das emoções. De ser impossível a voz fingir que nos somos indiferentes. Por isso nesses metros de distância, ficamos petrificados em silêncio. A leitura que fica paralisada nos meus passos. Porque o silêncio é um nosso acordo de cavalheiros.
Somos maratonistas vencedores de fazermos ultrapassagens mútuas como se não estivéssemos ali. Contornamos os nossos corpos como se fosse uma corrida de obstáculos. Nem licença pedimos. Porque teimamos nisto do nosso tão silêncio. Escrevemos um contrato de silêncio quando marcamos este reencontro. No próximo acordo não voltarei a aceitar esta cláusula de mutismo.
No entanto, no caminho do nosso silêncio, as nossas almas dialogam. Ouvimos a voz dos nossos corações em sintonia de conversas. Os nossos lábios cerrados. A nossa mente que abre a porta um ao outro. Grito à janela do meu rosto pelos teus olhos. E tu, aproximas os teus olhos mel-outono da minha direção. Deixamos-los falar no confronto frente a frente. À nossa volta tanto ruído. Em nós, o mais profundo silêncio.
Compreendemos-nos na interação sublime de alma. Perdoamos o nosso silêncio um ao outro.
Eu escrevo-te o meu coração. Tu ouves-me na tua alma. Porque teimamos nisto do silêncio. Até ao dia em que rasgarmos os medos das palavras.

Imagem : Internet

Noites...

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Existem noites que nos adormecem assim numa mistura de luzes e sombras. Aquelas noites em que trago o teu rosto nos meus olhos. A luz que és na alma que tens. As sombras dos nossos demónios que nos atormentam os silêncios. Somos assim seres estranhos de luz e negrume. Que teimam em olhar um para o outro numa ignorância que fingem existir. Que o nosso próximo reencontro não nos traga mais noites de pesadelos. Que possamos ser corpos que se sonham nos eternos beijos da madrugada.
As nuvens que se abraçam antes da noite chegar e tudo apagar. Nós a não sermos nada. Apenas a tristeza nas suas melodias para me adormecer. A dor embala o sono da nossa ferida, o nosso abrigo para dormir.
Existem noites que as lágrimas teimam em espreitar. Sentem-nos tristes e vêm fazer-me companhia na solidão da almofada vazia de amor.
Noites de luz e abismos. Tu, o meu abismo de emoções. O meu precipício de sentimentos. A minha luz de esperança. O guia do caminho de volta a mim.
Noites em que continuas tão longe de mim como o pôr-do-sol. Não há nada que mais ame olhar do que para o sol que és, mas és como eses pôr-do-sol que fica nesse horizonte escondido de mim.
Noites que estou aqui. De coração em ti.

O sol nasce-nos

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O sol nasce-nos nas diferentes janelas que abrimos no novo acordar. Longe observamos o mesmo sol que é nosso com pormenores que serão meus ou teus consoante a janela de lugar onde estejamos. Era assim na minha solidão. Será assim na nossa solidão de almas separadas.
Há uma luz neste nascer do sol que é tão tua. Uma luz que conforta feridas. Que embala a dor e a torna tão suave nos dias. A neblina que é abraço teu. Que sinto, mas não posso tocar. Que é real e difusa. Porque estamos em janelas de quartos distantes.
O sol nasce-nos no horizonte nas suas manhãs madrugadoras. Sempre absurdamente belo. Há um sol que me nasce nas nossas tardes quando os nossos olhos se procuram nas saudades que disfarçamos e que são segredo nosso. Porque és como o nascer-do-sol, irracionalmente lindo. Sem qualquer explicação lógica.
Um dia gostava que o sol nos nascesse na janela partilhada de horizonte. Os dois de olhos postos no mesmo nascer-do-sol.
Até lá, o sol nasce-nos no coração.

Regar o amor

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Tornaste as minhas lágrimas de tristeza em fonte que me faz pulsar quem sou. Não esqueço o tanto que já chorei noutros tempos idos. No quanto a solidão me doía o corpo. No tanto que isso me tornava doente. Lágrimas que me fechavam os olhos para como a vida nos pode ser bonita. Como eu era tronco despido de afecto por mim. Como eu própria me feria a mim mesma. Esperava amor sem me amar. Nesses tempos esta fotografia não seria eternizada nos meus momentos. Não veria a simplicidade da beleza. Não estaria grata pela magia dos singelos instantes. Do presente que é estar no agora.
Tirei esta foto contigo no meu pensamento. Distantes. Sem lágrimas. Porque esta água são salpicos de amor. Aquele amor que me obrigaste a sentir por mim. A enfrentar a sombra dos meus demónios para no caminho aprender a olhar os arco-íris de luz.
Precisava de ver os dias bonitos aos meus olhos para poder achar-te o mais bonito de todos com as tuas rugas e cabelos brancos. Se não treinasse o meu olhar para o belo, a cada dia não te sentiria mais e mais bonito. De rosto elegante e alma perfeita nas imperfeições que te tornam quem és. Aquele que me empurra nos sonhos e me impede de desistir.
Às vezes emocionas-me os sentidos do meu coração. Uma gota de lágrima espreita-me o rosto. Mas não são lágrimas de dor. És tu que me estás a regar a alma de amor.

Abraçar a princesa dos caracóis

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O pai abraça a princesa dos caracóis. Um abraço de amor amor fraterno e eterno. Os dois são amor. São almas especiais que se vieram ensinar nisto do amor. Um dia gostava que me ensinassem o sentido do amor. Os professores da afeição genuína. Da entrega e da devoção.
O pai abraça a princesa dos caracóis embalados pela cumplicidade de corações que só eles compreendem. São sintonia sem precisarem de palavras. A identidade deles no abraço de caretas. Inimitáveis.
Sorrisos deles no seu mundo encantado. O sempre sorriso arroz-doce da princesa dos caracóis, tão cheio de açúcar que desfaz o coração do pai em amor.
Vê-los são lágrimas nos meus olhos. Lágrimas de emoção por ver este amor tão maravilhosamente extraordinário. Um amor maior que tão poucos encontram. E eles encontram-no nesse amor que nutrem um pelo outro.
O pai abraça a princesa dos caracóis para nunca mais se largarem um do outro.

Imagem : Internet

Devolver o coração

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Dizem, os poetas meus amigos de inspiração, que quando nos apaixonamos, alguém leva-nos o coração para onde esse amor nosso está.
Contigo, naquela tarde em que do outro lado da rua paraste a olhar e as nossas almas se reconheceram, não me levaste o coração. Não o roubaste de mim.
Contigo, nesse dia, em que os meus olhos se perderam para sempre em ti. Nesse dia devolveste-me o coração. Entregaste-me o meu coração para aprender a amar-me. Um coração que sangrava em ferida e que aos poucos vai cicatrizando. E hoje cada vez que me olhas, continuas a devolver-me vida. Por isso nunca serás um ladrão de corações. Serás herói de amor, esse amor resgatado às trevas e que me entregaste.
Como os meus poetas amigos se enganaram quando me dizem que a paixão nos rouba o coração. Esses meus poetas ainda não te conheciam. Não viram essa alma bonita que tens. Senão serias eternizado nos seus lindos poemas de amor. Assim só ficas eternizado nas palavras do meu amor por ti.

Imagem : Internet

Diana Gabaldon "Outlander : A Libélula Presa no Âmbar (vol 2)"

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De um mero desconhecimento que tinha da saga “Outlander” até me tornar uma assumida viciada, foi apenas preciso o primeiro livro. Fui completamente arrebatada pela história de Claire e Jamie e pelas evolventes históricas como cenário.
Pela sinopse do livro já sentimos no ar a intensidade que seria o segundo volume: “Durante vinte anos Claire Randall manteve o seu segredo. Mas agora, de férias nas majestosas e misteriosas Highlands, Claire planeia revelar à sua filha uma verdade tão impressionante como os acontecimentos que lhe deram origem: o mistério de um antigo círculo de pedras, um amor que transcende os limites do tempo e a verdadeira identidade de James Fraser, um guerreiro escocês cuja valentia levou uma Claire ainda jovem da segurança do seu século de vida para os perigos de um outro tempo. Mas um legado de sangue e desejo vai testar Brianna, a sua bela filha. A fascinante viagem de Claire vai continuar em Paris, ao lado de Carlos Stuart, na corte intriguista de Luís XV. Jamie tem de ajudar o príncipe a formar alianças que o apoiem na reconquista do trono da Inglaterra. Claire, no entanto, sabe que a rebelião está fadada ao insucesso. A tentativa de devolver o Reino aos católicos resultará num banho de sangue que ficará conhecido como a Batalha de Culloden, e deixará os clãs escoceses em ruínas. No meio das intrigas da corte parisiense, Claire enfrenta novamente um velho rival, tenta impedir o morticínio cruel e salvar a vida do homem que ama.”
Sem medo algum das mil páginas, aventurei-me pela viagem de Claire e Jamie em França e depois de volta à Escócia antes da fatídica batalha de Culloden. É difícil colocar em algumas frases toda aquilo que se vive na leitura deste livro. Aventura, proeza, mistério, paixão, intriga, coragem, amor, guerra, traição, honra, força é assim que quase podemos resumir o livro. Tantas personagens, tantas histórias que se entrelaçam. Tantos detalhes que poderão ser cruciais nas páginas ou livros seguintes.
De todos os momentos que depois a série de televisão irá ocultar. A dor de Claire ao sofrer o aborto é dos momentos mais marcantes, assim como a quase despedida dela de Jamie antes da batalha.
Confesso que em termos de cenários, a passagem pela Corte Francesa me soou muito a uma época fútil e não foi de toda a minha preferida. Embora tivesse episódios caricatos e que me fizeram rir. Mas, sem dúvida que a autora prima pela precisão histórica, pela pesquisa em relatar os factos de forma correta. Sinto-me mais em casa quando Claire e Jamie andam pelas Terras Altas da Escócia.
Um livro que nos mostra a força do amor, independentemente da época. Não são as mil páginas que nos detém de fazer parte desta história. De observar momentos. De viver as emoções das personagens como se fossem nossas, pois o amor de Claire e Jamie é altamente viciante para o leitor. E por isso, tudo o que eles vivem, o leitor também vive.
Um livro que termina em suspenso para nos adensar ainda mais a vontade de ler o próximo volume e saber afinal o que se passou com Jamie na batalha de Culloden. Ansiosa por continuar a leitura de Outlander!