Assim que o regresso às rotinas do ainda teletrabalho se fez sentir nas minhas manhãs, tornou-se urgente em mim continuar a leitura da história de Claire e Jaime, na qual estou completamente viciada. Segue-se o terceiro livro da saga, de seu nome “A Viajante”.
No livro anterior deixamos Claire a achar que Jaime tinha morrido na fatídica batalha de Culloden, quando este a obrigou a atravessar a pedras de Craigh na Dun para se salvar e ao filho que trazia na barriga. Vinte anos passaram e após a morte de Frank, Claire decide contar a verdade à filha Brianna. Com a ajuda de Roger MacKenzie, sabemos que afinal Jaime não morreu.
É assim que intercalando o passado com o presente que vamos acompanhando o que foi a vida de Jaime nesses vinte anos separado de Claire, umas vezes pelas vivências do próprio Jaime, outras vezes pelo que a história deixou escrito sobre ele. Depois de meio livro a acompanhar esses vinte anos (com um livro de 800 páginas resumir é uma tarefa inglória), que de fáceis não tiveram nada, mas nos quais Jaime continuou sempre a amar Claire, é hora de Claire tomar uma decisão irreversível: atravessar mais uma vez as pedras e encontrar Jaime e talvez nunca mais voltar à sua época e à sua filha.
Nesse reencontro há uma frase de Jaime que nos marca e que é revelador de todo o seu sofrimento: “Quereis vós levar-me, Sassenach? E arriscar o homem que sou em prol do homem que era?”. Como adoro este Jaime.
Perdemos personagens de outros livros que nos eram queridos como Murtagh, outras que envelhecem e que a vemos com mais 20 anos, mas sempre com a sua personalidade como o caso de Jenny ou o pequeno Fergus que já é um homem. E claro novas personagens como o sobrinho de Jaime, Ian, que os leva a fazer uma viagem rumo à Jamaica para o salvar (um dos grandes motes para o título deste livro). E nessa viagem acontece tanto que não pode ser resumido, mas cujas páginas cola-se às mãos para sabermos o que acontece a seguir. São muitas aventuras e momentos que nos agarram. Leitor sofre mesmo com estas personagens.
É difícil enumerar personagens deste livro, mas posso referir John Grey, aquele soldado que Jaime poupou à morte no segundo volume, terá um papel ativo e decisivo na vida de Jaime ou Gellis Duncan que afinal não foi morta acusada de bruxaria e que reaparece na Jamaica ainda com os seus traços de loucura. Algo que fica no ar para as próximas aventuras, assim como a chegada dos nossos personagens à América que nos alicia a querer continuar e pegar no próximo livro.
Diana Gabaldon prima pelo rigor e pesquisas históricas que fez para escrever esta saga. Não se inibe de retratar a realidade dura, cruel e tantas vezes injusta do século XVIII, mesmo em personagens que possamos adorar. Neste livro toca o tema da escravatura de uma forma sensivelmente dura.
Quer pela escrita simples, mas que nos cativa os olhos, para mim, há qualquer coisa de muito emocional e especial nesta história que me viciou os sentidos e me fez apaixonar perdidamente por esta saga. Algo de tão familiar que me impede de largar estes calhamaços sem os ler avidamente. Aquela história de amor de Claire e Jaime é demasiado arrebatadora e especial que nos faz amá-los e que nos prende às suas vidas como se fossem reais.
Um livro de viagens e encontros. Viagens físicas desde a Escócia até à Jamaica, terminando na América. Viagens de corpos e almas. Encontros e perdão. Acima de tudo uma viagem de amor.
Que venha o próximo livro “Os Tambores de Outono” para continuar a sentir-me esta intrusa que observa este amor. Rendida para sempre a Claire e Jaime.