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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

O dançar dos teus dedos

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Vejo os teus dedos dançarem nesse baile do abismo das minhas emoções. Cada movimento teu é um derrapar do meu coração nesse precipício de sentimentos que vagueiam descontrolados dentro de mim. Já perdi o controlo do que sinto.
Às vezes acho que o universo me enlouquece de ti. Que me condena ao cadafalso no encontro dos teus olhos. Neste sempre e eterno desencontro de esperança. Há tanto que me movimento em desalento. Danço nesta dança de uma loucura premente de amor. Que é segredo meu e que guardo de ti.
Talvez os meus olhos sejam dor disfarçada quando te vejo dedilhar coreografias nessas tuas mãos. Mas és-me dor de amor. Uma dor imensa em que ardem as feridas em sangue. Tenho dias em que a minha ferida uiva em desespero. Que luta para se soltar das amarras por estar presa na solidão. E o teu dançar ainda me aperta mais a solidão. Sufoco à procura de ar de amor para me salvar. Mas o amor perdeu-se de nós.
Às vezes as emoções fazem chorar a alma. E tenho-te chorado nas noites em que me fogem o sono e os sonhos. As lágrimas dançam no meu rosto nas tuas memórias de dedos dançantes. Que não me tocam. E são murros no meu estômago.
As tuas mãos são tão bonitas quando dançam. Como tu, o bonito bailarino de olhos mel-outono.
Nunca dançaremos juntos ao luar a valsa das estrelas. Mas nunca deixes de dançar. Que os teus dedos sejam o tocar da música de amor que és. Gosto de te ver dançar mesmo que o teu dançar me seja dor.

Texto : Ana Cristina Gomes
Imagem : Internet

Mais um dia teu...

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Há manhãs que nos amanhecem exageradamente madrugadoras tal a pressa do final de tarde desse dia. Voltar ao teu rosto é sempre uma urgência dentro de mim. Talvez uma espécie de insanidade minha esta de me acelarares o coração ao sabor dos teus olhos outonais. A máscara que nos amarra os sorrisos, mas que nos fixa os olhos sem possibilidade de distrações. Os outros são peões invisíveis. Porque tudo me desaparece. Ficas só tu.
Não resumo uma semana nos teus minutos. Mas esses teus minutos são aquilo que de mais precioso levo comigo nas memórias. O teu olhar em mim que ainda me espanca o estômago de emoção. Os meus sentidos que ficam estonteados no teu perfume que me envolve.
O meu coração que se deleita na tua beleza que te cresce com os anos. És deliciosamente bonito como a vida. Ficar a ver-te as rugas tão perto das tuas pestanas. Para te guardar os traços nos meus sonhos. Não haveria sonho real mais perfeito que o teu abraço demorado em mim. És o meu eterno sonho. O mais difícil de conquistar. Aquele ao qual voltarei quantas vidas forem necessárias. Esta é apenas uma.
O dia demorou-se tanto no relógio. Porque tinha o teu nome na agenda da minha alma. Tinha lá escrito que era dia de conversa silenciosa de amor. Porque acho que te gosto tanto.
O dia até pode ter sido longo até ti. Mas para trazer-te o olhar na minha alma esperarei sempre que for preciso. Hoje foi mais um desses dias teus.

Imagem : Internet

Chegou o outono!

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O equinócio de outono chegou às 14h31 deste 22 de setembro quando o sol se escondeu para que o outono pudesse fazer a sua entrada nas nossas rotinas.
Chegaram os dias das folhas no chão que nos são caminho. Novos trilhos ou continuar caminhos já traçados e que estas folhas nos vêm embalar os pés.
As árvores que se despem mostrando a nudez dos seus ramos. Um apelo à nossa vulnerabilidade. Não termos medo de mostrarmos quem realmente somos. A nossa essência. Vulnerabilidade não é sinónimo de ser frágil. As árvores falam-nos da sua vulnerabilidade, mas os seus troncos são robustos. São fortes. Não quebram facilmente. Aprendamos com as árvores. Aproveitemos o recolhimento do outono e conversemos com as árvores. Que experiência tão gratificante para a alma.
As horas que são as mesmas, mas a claridade diminui no céu, deixando as nossas sombras dançar no reflexo da luz dos candeeiros das estradas e passeios. A manhã que chega tarde e a noite que chega cedo. As estrelas que se tornam colegas do sol e são guia dos nossos dias. A escuridão não está na cor do céu. Está no modo como olhamos a vida. Por isso, olhemos a vida com os tons quentes do outono, cores que nos trazem aconchego para o frio que se começa a sentir nos braços.
As frutarias enchem-se de sabores outonais. Os marmelos cujo aroma me traz memórias da quinta perdida em mim. Os diospiros maduros que se desfazem na boca. A romã com a sua coroa. E não poderia faltar a rainha do outono, a castanha. O farrusco que deixa nas nossas mãos quando assadas no carvão. O fumo que se enrola nos cabelos. O quente do seu miolo que nos aquece o coração. Alimentar o espírito de momentos.
Que as alterações climáticas não nos destruam as estações do ano. Precisamos da alegria que cada uma, à sua maneira única, nos oferece. O outono traz-nos tanta beleza aos olhos. É só estarmos atentos.

Imagem : Internet

Café de domingo

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Peças soltas que se unem. Que se conjugam em memórias de momentos. Recentes ou relíquias do tempo.
O café em pó pronto a deslizar pela colher rumo ao coral de porcelana da chávena. A água que fervilha em ansiedade. Agarrar o jarro eléctrico, verter a água, rodopiar a colher enquanto essa água se funde no café. A dança indecente dos dois perante o meu olhar indiscreto.
O aroma arabico que perfuma a cozinha.
Beber, parar, saborear. Voltar a repetir a sequência. E assim até à última gota.
O café de domingo é toda uma emoção de amor.

Parabéns avó querida

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Avó minha,
Diria o teu ainda bilhete de identidade que hoje farias 94 anos. Há muito que esse teu bilhete de identidade ficou guardado a um canto. Porque partiste deste plano terreno para algo tão mais tu. Não é por não apagamos as velas que não te sinto. Ou que não te sussurro nas noites. O teu corpo pode ter adormecido, mas a tua alma vive-nos.
Acordei. O sol que nascia quente como era o teu coração cheio de amor. Vesti roupa azul claro como tu tanto gostavas, de cor claras, cores de vida. Os ténis flores como as flores que ainda nascem na tua quinta que sem ti é quase pó de eternas memórias. Talvez não seja assim nada de muito especial, mas tu adoravas tanto o brilho da vida e é a minha forma de olhar o céu e veres que trago em mim as tuas ternas heranças. Ser a luz de mim mesma.
Acordei e sorri pelo tanto que me tens ensinado à minha alma. Na altura estava de olhos tão fechados na escuridão que nada via. Partiste e obrigaste-me a viajar dentro de mim para encontrar a minha luz. Pequenas coisas, inimagináveis no teu tempo e agora tão naturais. Algures vais vendo o meu crescer. Tantas vezes difícil, mas a força do nosso setembro é aliado de conquistas.
Percebi na tua distância como tudo é tão efémero. Como cada dia de vida importa de ser vivido. E vivo cada momento por mais insignificante que possa parecer. Sorrir. Dançar. Respirar. Aprender a unicidade de viver.
Dizias tu que não era hoje o teu dia. Que te tinham registado nesses anos 20 dias depois de teres nascido. Que o teu sol nasceu no mesmo dia em que eu atrasadamente quis nascer. Talvez por isso, agora no caminho que percorro de descobrir quem sou, perceba como estamos interligadas de uma forma sublime, despercebida a tantos de segredos nossos. O que aprendo é tanto do que sabias. As respostas que anseio da tua imensa sabedoria não podem ser ditas. Ensinas-me a ouvir-me e procurar essas respostas em mim. És mestre neste meu universo.
Hoje, o dia em que te daria os parabéns, foste tu que do alto do paraíso, me deste a mão. Levaste-me até ao rosto dos olhos mel-outono. Aquele que me faz lembrar o amor. Tal como tua avó querida. Não sei, nem desespero por compreender as coincidências. Talvez fosse só para me dizeres, para sentir. E eu senti o coração a apertar-se de emoção naquele rosto que como tu me obriga a ser como sou. A encontrar a minha centelha divina. Gosto-vos tanto.
Parabéns minha eterna avó. Onde quer que estejas, continua a ser esse espírito de amor.

Imagem : Internet

Diana Gabaldon "Outlander : A Viajante (vol 3)"

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Assim que o regresso às rotinas do ainda teletrabalho se fez sentir nas minhas manhãs, tornou-se urgente em mim continuar a leitura da história de Claire e Jaime, na qual estou completamente viciada. Segue-se o terceiro livro da saga, de seu nome “A Viajante”.  

No livro anterior deixamos Claire a achar que Jaime tinha morrido na fatídica batalha de Culloden, quando este a obrigou a atravessar a pedras de Craigh na Dun para se salvar e ao filho que trazia na barriga. Vinte anos passaram e após a morte de Frank, Claire decide contar a verdade à filha Brianna. Com a ajuda de Roger MacKenzie, sabemos que afinal Jaime não morreu.

É assim que intercalando o passado com o presente que vamos acompanhando o que foi a vida de Jaime nesses vinte anos separado de Claire, umas vezes pelas vivências do próprio Jaime, outras vezes pelo que a história deixou escrito sobre ele. Depois de meio livro a acompanhar esses vinte anos (com um livro de 800 páginas resumir é uma tarefa inglória), que de fáceis não tiveram nada, mas nos quais Jaime continuou sempre a amar Claire, é hora de Claire tomar uma decisão irreversível: atravessar mais uma vez as pedras e encontrar Jaime e talvez nunca mais voltar à sua época e à sua filha.

Nesse reencontro há uma frase de Jaime que nos marca e que é revelador de todo o seu sofrimento: “Quereis vós levar-me, Sassenach? E arriscar o homem que sou em prol do homem que era?”. Como adoro este Jaime.

Perdemos personagens de outros livros que nos eram queridos como Murtagh, outras que envelhecem e que a vemos com mais 20 anos, mas sempre com a sua personalidade como o caso de Jenny ou o pequeno Fergus que já é um homem. E claro novas personagens como o sobrinho de Jaime, Ian, que os leva a fazer uma viagem rumo à Jamaica para o salvar (um dos grandes motes para o título deste livro). E nessa viagem acontece tanto que não pode ser resumido, mas cujas páginas cola-se às mãos para sabermos o que acontece a seguir.  São muitas aventuras e momentos que nos agarram. Leitor sofre mesmo com estas personagens.  

É difícil enumerar personagens deste livro, mas posso referir John Grey, aquele soldado que Jaime poupou à morte no segundo volume, terá um papel ativo e decisivo na vida de Jaime ou Gellis Duncan que afinal não foi morta acusada de bruxaria e que reaparece na Jamaica ainda com os seus traços de loucura. Algo que fica no ar para as próximas aventuras, assim como a chegada dos nossos personagens à América que nos alicia a querer continuar e pegar no próximo livro.

Diana Gabaldon prima pelo rigor e pesquisas históricas que fez para escrever esta saga. Não se inibe de retratar a realidade dura, cruel e tantas vezes injusta do século XVIII, mesmo em personagens que possamos adorar. Neste livro toca o tema da escravatura de uma forma sensivelmente dura.

Quer pela escrita simples, mas que nos cativa os olhos, para mim, há qualquer coisa de muito emocional e especial nesta história que me viciou os sentidos e me fez apaixonar perdidamente por esta saga. Algo de tão familiar que me impede de largar estes calhamaços sem os ler avidamente. Aquela história de amor de Claire e Jaime é demasiado arrebatadora e especial que nos faz amá-los e que nos prende às suas vidas como se fossem reais.

Um livro de viagens e encontros. Viagens físicas desde a Escócia até à Jamaica, terminando na América. Viagens de corpos e almas. Encontros e perdão. Acima de tudo uma viagem de amor.

Que venha o próximo livro “Os Tambores de Outono” para continuar a sentir-me esta intrusa que observa este amor. Rendida para sempre a Claire e Jaime.

Cem e um....

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Morreria cem vezes no teu silêncio. Se numa dessas mortes pudesse ter tido uma vida de abraços teus. Quantas vezes nos temos morrido um ao outro e voltamos sempre a tropeçar-nos no silêncio das memórias que trazemos. Já nos pesam demasiadas mortes em nós sem abraços. Às vezes sentimos essa mochila nas nossas costas que se curvam.
Viveria cem vezes com os teus demónios. Se um deles pudesse ser o demónio que me salvasse dos meus próprios demónios emocionais. Cairia no abismo se me pudesses libertar dos meus fantasmas. Posso esperar por ti no precipício do despenhadeiro onde nos encontramos tantas e demasiadas ocasiões. Já devemos ter o próximo encontro marcado, mas ainda não sabemos. Salva-me com os teus demónios. Os nossos demónios são amigos e amantes de longa data.
Aguentaria cem anos de solidão. Se por um ano fosses a companhia da minha solidão. Onde o viver faria sentido contigo. A minha solidão apaixonou-se por ti e é a ti que ama perdida e profundamente.
Suportaria cem facadas na minha ferida. Se uma dessas facadas fosse o teu amor a curá-la. Embalarias a minha dor no teu colo.
Correria cem estradas sem parar. Uma maratona de passeios e passadeiras. Se numa delas soubesses que estavas lá. Se pudesse raspar os meus olhos no teu rosto por um segundo que fosse. Para te ver, tudo faço.
Dormiria cem noites suadas em pesadelos. Se numa dessas noites fosses o meu sonho que me transpirasse o corpo.
Abdicaria de cem nasceres-do-sol. Se um nascer-do-sol fosse o teu acordar a sussurrar nos meus ouvidos.
Escrever-te-ia cem vezes, cem dias após cem dias interruptamente. Se um dia me dissesses que me lias o coração.
Não haverá cem que possa amar. Amar-te-ei a ti. És o único amor que um dia gostaria de encontrar por aí.
Por mais cem que possa haver, serás sempre o único um em mim.
 
Imagem : Internet

Os meus 38

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E de repente, chegaram-me os 38 ao cartão de cidadão, às velas do bolo e aos balões na minha mão.
Não deixo que me pesem nos ombros ou no meu rosto. Não permito que me envelheçam a alma. Quero que me deixem ser a criança que tenho resgatado dos meus abismos emocionais.
Que me tragam as aprendizagens para continuar a crescer como pessoa. Caminhar ao encontro de quem sou. Para os meus olhos serem a minha essência.
Os meus 38 que agora chegaram com o sol, com a luz que preciso e todos precisamos ser, têm muitas histórias de invernos. Histórias essas que me ensinam e que não esqueço porque fazem parte de mim. São capítulos da minha estrada. Do livro que diariamente escrevo. Que me ensinaram a importância de olhar o sol a cada manhã de acordar.
Nunca fui muito destas coisas dos balões e das festas, mas aprendi como cada momento é especial. E os meus 38 mesmo em anos atípicos são especiais, porque são meus e só por isso, merecem sorrisos. Porque aprendi que mereço sorrisos e alegrias.
Agradeço a todos que no meu dia com as suas palavras me ajudaram a começar uma nova página da minha vida, os meus 38. Obrigada por fazerem parte do meu caminho e por tantas vezes me ajudarem a aprender-me.

O meu bolo dos 38

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Um bolo feito com amor e carinho, por essas mãos da amizade 💖
Um bolo-livro para que as palavras deste meu novo ano sejam açúcar na alma. Que sejam dias de chocolate para transformar o limão em doçura. Que me seja um ano de palavras-amor 💖
Obrigada minha querida Susana Ribeiro da Corrida aos Bolos por este bolo maravilhoso 💖🙏 És a minha mestre pasteleira preferida 💖.

 

Teus olhos

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Navegam em brilho esses teus olhos de setembro.
São sussurros de emoções tuas.
São olhos de amor.
São nascer-do-sol. Ocasos de sonhos.
Inspirador de afetos.
Encandeam de ternura quem te olha.
Os olhos mais bonitos que o universo pintou.
Os teus. Sempre. Nunca outros serão tão graciosos.
Nunca deixes de marear os teus olhos em amor.
Eternos olhos mel-outono de coração açúcar.
Olhos felizes que tens. Que sejam sempre assim, afortunados de flores e música. Que dancem no amor que és.

Imagem : Internet

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