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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Noite de lua cheia

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Luz de uma lua cheia em touro que nos ilumina os céus. Para olharmos para aquilo que nos é importante, precioso e essencial à vida. Na noite em que a fronteira entre vida e morte se esbate, em que os mundos parelelos se cruzam, esta lua em touro oposta a escorpião, uma lua cheia que expande luz, vem mostrar-nos o profundo trabalho emocional de morte e renascimento de escorpião. Irmos às entranhas de quem somos. Trabalho tão difícil, mas temos uma lua para nos guiar em luz nesse caminho diamante de renascer.
E neste tempo atípico de pandemia é urgente largar apegos emocionais e renascer no brilho de sermos nós. Honestamente nós.

A estupidez foi até à Nazaré

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É de uma profunda revolta ver estas imagens que circulam por aí. Uma multidão de inegrumes feitos parvos a olhar para a beleza das ondas da Nazaré. Que gente feia esta.
Ou esta malta vive noutro planeta de uma outra galáxia ou perdeu toda e qualquer capacidade mental que podia ter.
Acordem lá, estamos em 2020, em plena pandemia. Não estamos em 2019 quando podíamos andar por aí sem restrições.
Que raio lhes vai na cabeça? Ah deve ser oca, só pode, para centenas de pessoas se instalarem pelos montes à espera de um espectáculo. Mas são elas que nos presenteiam com um triste espectáculo. Sem bom senso ou respeito por eles e por todos nós.
Confesso que não compreendo algumas das medidas de combate que nos colocam, mas estas imagens transcendem qualquer coisa. Parece de uma estúpida surrealidade. Mas é real. Esta malta andou por lá sem máscara (vê-se tanta gente junta sem máscara).
Deviam estar em hospitais, perderem consultas de especialidade. Deviam estar nas casas de quem perdeu o trabalho. Os negócios que estão a ruir. Lojas a encerrar. Deviam estudar com crianças em telescola. Deviam estar isolados de todos. Deviam estar nos lares onde os idosos não podem receber visitas. Deviam ter de trabalhar 12h por dia de máscara. Talvez se fizesse luz naquelas mentes negras e egoístas.
Estamos numa outra normalidade. Que não permite parvoíces destas.
É tempo de perceberem que isto é uma luta de uma sociedade. Que tem de ser feita em conjunta. Todos sem exceção. Todos temos de fazer a nossa parte. Não ia custar tanto.
Mas com irresponsabilidades destas, começo a achar que o vírus andará por cá mais tempo do que era suposto. Ele deve estar a adorar esta malta idiota que o ajuda a proliferar. Venham mais momentos assim e depois admirem-se dos números.
Eles que fiquem com o vírus, mas que poupem os inocentes que tudo fazem para o combater.

Olhar-te é dor...

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Tantas vezes que olhar para ti é de uma dor insuportável. São murros e pontapés no corpo da alma. Porra, como me és dor. O meu coração desfalece em agonia. Uma espécie de morte lenta.
És amor nos olhos. Continuas a cheirar a amor. Serás sempre reflexo de amor. Um amor que me esfaqueia a ferida. Sangro em solidão. Talvez por isso ande por aí a fugir dos teus olhos. Veneno de paixão que me consome. Porque perdi as forças para sentir amor em mim. Deixo-te. Mas continuas agarrado a mim. Interrompes os meus pensamentos. Uma luta inglória entre ires ou ficares. Mas nunca estarás. Nunca serás presente.
Choro-te para me aliviar a tristeza. As lágrimas são memórias que guardarei de um amor sem destino. Sem partida ou meta. Ando por aqui perdida em emoções. Desencontrada com a esperança. De sorriso desaparecido. Porque às vezes as feridas estão vivas. Pulsam as veias. Temos de as limpar para as cicatrizar. Os braços inertes não se mexem. Por isso a ferida fica ali em dor, sem auxílio. Solitária. Sem amor para cicatrizar.
És-me ferida de amor. Aquela que o tempo nunca sarou. Por isso tanta vezes que olhar para ti é isso, a dor insuportável da minha solidão que vive nos teus olhos.

Imagem : Internet

Temos de repensar o natal....então fui buscar as minhas pantufas!

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Diz o tio Marcelo que temos de repensar o Natal. Eu até acho que ele tem razão, porque com a perda de valores que por aí anda, temos de ir buscar o espírito natalício. É urgente. Depois de uma criança partilhar o lanche com um colega (que atitude abominável desta criança educada em valores e amor) ser castigada (qual espírito de solidariedade, qual quê?),fiquei a pensar nas palavras do tio Marcelo. Ele que há pouco tempo partiu uma bola de Berlim e deu parte a uma criança, fiquei na dúvida. Será que também ele foi castigado e precisa que tenhamos o Natal no coração? Agarrar o amor antes que fuja no meio de tanta maluquice.
Não seja por isso. Vou seguir o conselho do tio Marcelo. Decidi repensar o Natal. Então fui buscar as minhas pantufas do Natal para ter os pés quentinhos (já começa a estar frescote)para não perder o amor no coração perante tanta atrocidade de perda de valores que assisto a cada dia.
Já que há tanta parvoíce por aí, tantas incoerências de medidas, que decidi ser assim louca e calçar as minhas pantufas Rodolfo em outubro! Não fico atrás em parvoíce, pois não??

O contentor do vidro está cheio, e agora?!

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Este é um contentor para a reciclagem do vidro. Fica na minha rua. Já lá está há muitos anos. Que serve as ruas, estabelecimentos e uma escola. Onde podemos fazer uma ínfima parte de tentar ajudar o planeta, reciclar.
Este contentor há muito que transborda em vidro. Tantas são as semanas que não é despejado que já lhes perdi o rasto. Às vezes vamos tentando lá colocar uma garrafa ou um frasco, mas há demasiado dias que atingiu o limite. E assim vai ficando.
O senhor do café já despeja o vidro no lixo doméstico pois é impossível acumular tanto vidro no estabelecimento. Os moradores como eu que ao sair de casa podem num simples gesto tentarem ser amigos da mãe Terra, neste momento não podem. Ou acumulam o vidro em casa por mais tempo e não sabemos até quando ou simplesmente deitam no lixo doméstico e lá se vai o dever de preservar o planeta.
Parece tão insignificante, mas garrafa aqui, frasco acolá, podíamos reciclar mais um pouco e poupar um planeta demasiado fustigado e prestes a desistir de viver. Os sinais são tão evidentes.
Queremos ajudar a nossa mãe Terra, mas mesmo em pequenos gestos quem devia promover essas ações fica quieto. Assim será ainda mais difícil.
Será que despejar um contentor é assim tão difícil? Ou não interessa a quem manda?!

O coração fugiu-me...

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Hoje o coração fugiu-me. Por entre turbilhões de emoções. Até onde estavas. Quis controlar a mente, mas fui arrastada por entre o desejo e a tristeza. O coração foi. Eu fiquei. Ainda sinto esta espécie de silêncio zangado entre nós. Sem explicação. Como tudo é inexplicável no que corre no meu peito. Talvez um dia me faças sentido.
O coração continua-me a fugir. Até ti. Mesmo que não o queira, não o controlo e ele vai. E eu fico. E longe ficarei no sempre.
Foge o coração nesse universo que teima em não me fazer largar-te de mim. Por vezes, o dia escreve-te em mim. E a alma torce-se em confusão sem nada saber. Dou por mim a sussurrar mentalmente o teu nome como tantas outras vezes. Dou por mim noutros olhos das multidões e a ter saudades dos teus olhos. Os únicos que me continuam a tremer os sentidos. Saudades da suavidade do que era o nosso silêncio. O que me confortava o coração, por isso fugiu até ti. Se o tiveres sentido, não o trates mal. Deixa-o só a ficar a mirar-te. Nada mais.  Não te pediria para o amares. 
Hoje o meu coração atreveu-se em amor e fugiu. Mas eu já não sei se tenho forças de o ir buscar às tuas mãos.

Imagem : Internet

O tempo que pára o amor...

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Às vezes o tempo pára-nos o amor. Esse tempo que esvazia de nós a esperança tal como um tanque que seca com falta de água. O amor também precisa de uma fonte de vida e quando o tempo pára, desfalece em fraqueza. De ventre esventrado em agonia que implora ao tempo por amor. Para recuperar um sorriso que ficou estático quando o relógio parou e expulsou a fé dos dias. Nem a vela acende. Fica parada na companhia de um tempo imóvel.
Às vezes contemplo o tempo à procura de respostas. Mas o tempo ignora-me no seu silêncio. E o amor pára-me no coração à espera que o semáforo de um olhar o faça arrancar e movimentar-se na autoestrada das minhas veias. Pulsar o motor que o coração é. Mas o cansaço acumula-se no corpo e a alma arrasta-se para dar corda ao tic tac do pêndulo que ficou em suspenso. Mas o tempo teima em não mexer. E o amor vai morrendo.
Às vezes o tempo pára-nos o amor. E tantas vezes deixamos perder o amor de nós. Sem nunca o voltar a encontrar mesmo que o tempo volte a retomar à vida.

Silêncio corrosivo

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Há algo de corrosivo no nosso silêncio. Que corrói as nossas almas. Aos poucos e poucos a conversa deste nosso silêncio destrói a esperança já moribunda.
Isso das memórias trágicas que trazemos um do outro para esta nossa estrada, pesa-nos nos ombros. A nossa alegria curva-se e enrola-se nos resquícios desse sofrimento do qual teimamos em não nos libertar. Para continuarmos amarrados na dor. Porque nos acomodamos ao sofrimento que nos sustém a felicidade perdida. Aquela que decidimos não voltar a procurar.
Na mente desfilam-nos palavras que não ousamos pronunciar. O medo descarrila-nos nessa cordilheira de emoções que somos. As palavras ficam escondidas no tempo que largamos da vida. Cairemos abraçados na distância que nos separa. E voltaremos a subir a montanha para repetir tudo novamente até termos coragem de nos enfrentarmos. Isto se algum dia o faremos ou continuaremos nesta ignorância premeditada.
Há algo de corrosivo à volta dos nossos corpos. Que dia após dia nos queima por dentro. O amor que nos arde no coração. E que fingimos que são cinzas de outros incêndios em rescaldo.
É isso que somos, corações a serem queimados pelo silêncio.

Texto : Ana Cristina Gomes
Imagem : Internet