Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Ken Follett "Kingsbridge: O Amanhecer de uma nova era"

123987660_10157863944638565_1150029642142358892_o.

Voltei a Kingsbridge numa prequela mais que perfeita de um dos maiores sucessos do brilhante autor Ken Follett que foram “Os Pilares da Terra”, já com 30 anos de existência. E que bom foi viajar até ao início de uma saga e descobrir como nasceu a cidade que tantos de nós amam das histórias de Ken Follett.

Estamos no ano de 997 d.c e o fim da Idade das Trevas aproxima-se. A Inglaterra enfrenta os violentos ataques dos viquingues e logo a abrir as primeiras páginas temos uma descrição de um desses ataques. A crueldade. A bestialidade daquele povo se assim podemos chamar. É nessa altura que conhecemos um dos personagens principais, Edgar, aprendiz de construtor de barcos e cuja família fica com os rendimentos estilhaçados pelo ataque e são obrigados a partir rumo a uma nova tentativa de vida em Dreng´s Ferry, um inóspito lugar. Mas que muitas aventuras nos irão proporcionar. Um relato fiel de como era viver na chamada Idade das Trevas. Vidas duras, muitas injustiças e onde imperava a lei do mais rico e poderoso. São murros no estômago algumas descrições que o autor nos inflige. De uma realidade atroz.

Simultaneamente e num outro cenário, conhecemos as outras duas personagens principais, Ragna, filha de conde na Normândia e Aldred, um monge, um sonhador de livros que deseja transformar a sua humilde abadia num centro de conhecimento que suscite a admiração de toda a Europa e é também um acérrimo defensor da procura da verdade. Busca essa que lhe irá trazer tantas consequências, mas Aldred é uma força da natureza e pelo qual vamos torcer para que tudo corra bem.  Ragna é uma mulher muito à frente para o seu tempo, foi educada para governar. Sabe ler e comandar a população. É uma mulher de uma força imensa e que nos será exemplo. Um casamento por amor leva-a para Inglaterra. Contudo, os hábitos da nova pátria são profundamente diferentes e, à medida que começa a aperceber-se de que, em seu redor, se desenrola uma luta constante e brutal pelo poder, compreende que um único passo em falso poderá redundar em catástrofe.

Aos poucos, os caminhos de Edgar, Ragna e Aldred misturam-se entre Shiring e Dreng´s Ferry. E por essas travessias vamos nos cruzar com personagens absolutamente desprezíveis como Wilwuf, o bispo Wynstan e o Wigelm, irmãos sedentos de poder que não olham a meios para atingir os seus propósitos. E em tantas situações vamos ter tanta vontade de bater neles porque as suas atitudes nos enojam. Um trabalho verdadeiramente soberbo de Follett que ao mesmo tempo nos faz apaixonar perdidamente por Edgar, Ragna e Aldred e odiar estes três irmãos.

Não posso contar muito de “Kingsbridge: O Amanhecer de uma Nova Era”, pois são mais de 600 páginas de mestria de uma viagem épica a um passado rico em ambição e rivalidade, mortes e nascimentos, amor e ódio. De acontecimentos entre 997 d.c até 1007. Dez anos de aventuras e onde iremos ver nascer Kingsbridge.

As primeiras 300 páginas foram lidas calmamente, mas a partir daí a curiosidade era tanta que era quase impossível largar o livro. Queria tanto saber o destino de Edgar, Ragna e Aldred nas suas proezas e riscos que corriam. Ganhei-lhe tanto afeto durante o livro. Ternamente fizeram parte dos meus dias durante dias e foram tão boa companhia.

Quer pela escrita simples, mas que nos cativa os olhos, para mim, há qualquer coisa de muito emocional e especial nesta história que me viciou os sentidos e me fez apaixonar perdidamente por esta saga. Algo de tão familiar que me impede de largar estes calhamaços sem os ler avidamente.

Para quem já conhece Kingsbridge de outras andanças vai ser tão bom ler este livro. Quem ainda não conhece, nada melhor para começar a saga do que este livro. Até eu fiquei com vontade de reler “Os Pilares da Terra”.

O meu grande mestre da escrita que nunca me desilude.

Um fim de semana prolongado

IMG_20201127_204331_260.jpg

Entrou pela porta um fim de semana prolongado que dará as boas vindas ao mês do Natal. Dias que poderiam ser de passeio pelas iluminações de natal com um chocolate quente à espera para nos aquecer num desses muitos cafés por aí. Isso são apenas memórias guardadas de outros tempos.
Não podem ficar agarrados a essas fotografias. Temos de criar novas memórias. Carregamos um peso nos ombros. A sociedade está em fase de transformação. Nós estamos em mudança. Tantas vezes difícil. O medo apodera-se de muitos. Vivemos meses de instabilidade. Muitos esquecem o bom da vida, focados nesses sentimentos negativos que nos corroem.
Não é fácil ficar em recolhimento. Ninguém o disse que era. Requer treino e disciplina. Mais que recolhimentos físicos, há que haver um recolhimento espiritual. Estarmos connosco mesmos. Não ficarmos no sofá a lamentar o estar em casa. A primeira grande dádiva é termos um casa que nos abriga. Depois é entre quatro paredes podermos fazer aquilo que nos faz sentir bem. Um bom livro. Uma aula do ginásio. Experiências na cozinha. Escrever. Pintar. Jogar. Um filme de natal. Estudar para o nosso crescer. Meditar. Tanta coisa que temos em casa e que nos pode preencher as horas e quando dermos por nós já é 4f.
Deixem entrar o fim de semana com um sorriso. Mesmo que nos custe, sorrir ajuda a colorir o coração e a alma a sentir-se tranquila.

Manhãs.....

127623926_10157908054563565_3446695518259397805_o.

Uma manhã negra de chuva insistente nos casacos que fogem de casa num saltar para apanhar ar. Era manhã cedo. Desisti. Voltei para as grades de janelas.
Depois suavemente a chuva foi saindo para outras paragens. Teimosa e ávida desse ar de liberdade do meio dia, lá fui. Ignorando o frio gélido do inverno que se anuncia. Talvez tenha mais saudades do teu rosto do que do ar. Batizei o ar com o teu nome. Para ir inspirar o coração de ti.
Estavas tão bonito, ainda mais bonito do que da última vez que te olhei. Um dia gostava de ser assim tão bonita como tu, aquele que deixa os meus sentidos atordoados só de te mirar em segundos de ampulhetas velozes.
Parecias aqueles raios de sol que rasgam abruptamente as nuvens. Por isso nesse instante o céu brilhou numa vénia ao sol que és. E a chuva envergonhada não voltou.

Imagem : Internet

Uma noite de novembro

dmitry-schemelev-h5xANSOT2qY-unsplash.jpg

Uma daquelas noites de novembro que te lembram as noites primaveris existentes antes deste estranho vírus nos ter batido à porta e se ter instalado sem vontade de ir embora. Remanescências de verbos conjugados num pretérito perfeito. Que é um viver imperfeito.
Aquelas tardes em que o corpo não esqueceu os passos e que numa vontade própria lá foi andando nessa normalidade de outrora. Não fossem as máscaras e uma fluência reduzida de pessoas a circular, parecia tudo igual ao que era nos tempos idos.
Esta noite que lembra a minha ferida que a dor de olhar para ti continua a mesma. Que a dança das tuas mãos são punhais silenciosos que me atiçam a solidão. Sair para a noite desabitada de sorrisos. Vazia de mim. Caminhar lentamente como se não houvesse pressas de chegar a lado nenhum. Porque não há amor à minha espera. Ir à deriva pelas ruas, numa bebedeira de tristeza. Como tantas outras vezes. Que se repetem num massacre de emoções.
Uma qualquer noite de novembro e nada de ti mudou em mim.
E como numa outra qualquer noite vou ali dormir no meu desterro de amor.

Imagem : Internet

Mais um domingo...

aaron-burden-y02jEX_B0O0-unsplash (1).jpg

Para este domingo de recolhimento, trouxe o poema da tua alma em mim.
A intensidade do sol até pode esconder o encanto dos teus olhos, mas a tua beleza jamais poderá ser ocultada do meu coração.
Fui encontrar o ar e o sol. Na ponte entre o céu azul e o verde esperança, o teu corpo a metros de mim. És harmonia de sentidos em dias estranhos.
Olhei-te avidamente à procura do poema de amor que és. Para poder enfrentar este confinamento físico de alma reconfortada.

Imagem : Internet

#pensamentos de ti

 

aditya-saxena-_mIXHvl_wzA-unsplash.jpg

Ir à rua e ver-te enquanto o sol está instalado lá alto no céu é uma espécie de saída em liberdade condicional. Uma fuga precária desta prisão em que as paredes se tornaram nas horas que passam. Olho-te por breves segundos. Respiro o ar de amor que deixas atrás de ti. Depois regresso de alma aconchegada para esta clausura forçada dos meus dias.

Imagem : Internet

Outono de amor

IMG_20201115_120921.jpg

E se cada folha de outono que cai da árvore fosse uma folha de amor, qual passadeira de afetos onde dançamos. Sementes para o amor crescer e proliferar. O amor em vias de extinção que precisa de ser preservado
E se as folhas fossem gestos de amor para com o outro. Tornaria este outono sisudo, de contornos atípicos, em dias de sorrisos. Sorrir não tem sido fácil nestes tempos de turbulência emocional. O equilíbrio perde-se e muitas vezes o desespero impera. O amor pode não trazer um emprego de volta, os clientes ou tanto daquilo que muitos perderam com este vírus. Mas o amor pode trazer força e coragem que precisamos para ultrapassar este desafio. Gestos de amor podem mudar vidas. Pequenas ações que podem salvar almas de abismos. As distâncias que nos pedem são físicas, não são distâncias de corações. O amor nunca poderá estar distante de nós e dos outros. Precisamos de doar amor ao outro. Um amor sincero e genuíno. Como folhas de outono que nos acalmam a dor. Que são aconchego de esperança.
Eu sou uma folha de amor. Tu és uma folha de amor. Ele é uma folha de amor. Ela é uma folha de amor. Se cada um for uma folha de amor, nós, juntos, seríamos um mundo de amor como este mundo de folhas aos meus pés. Podemos tentar? Reconstruir um mundo onde o amor não desapareceu e as folhas de outono fazem lembrar um romance escrito por palavras de ternura. Escritor e palavras em sintonia numa ordem irrepreensível. Nós somos o escritor, as folhas são as palavras. Parecem desordenadas, mas o amor é assim. Tem uma explicação tão simples. É só ouvi-lo no nosso coração.
As ruas podem estar vazias. Mas nós nunca poderemos estar vazios de amor. Sem amor em nós e por nós. Tornemos este outono de horas tristes em outono de amor.

Os teus olhos e o recolhimento

IMG_20201114_183843.jpg

Para este recolhimento obrigatório, de ruas onde o nevoeiro vagueia por entre os poucos pneus que circulam na estrada, trouxe os teus olhos. E nada mais bonito poderia trazer nas memórias de uma fração de liberdade matinal do que o teu olhar mel-outono. Até nestes dias invernais continuas de uma beleza imoral. O sol tem-te inveja e vai para outros lugares.
Fui ao encontro dos teus olhos. Eles encontram-me. E ficamos, os dois, ali a conversar no nosso silêncio que só nós ouvimos indiferentes aos outros. Um assédio que estes teus olhos são. Que me prenderam os sentidos. Que me deixam estonteada. Tudo desaparece, ficas só tu e os teus olhos a viajarem até ao meu coração. Para lá ficarem e depois o meu corpo caminhar para este recolhimento físico obrigatório. Um recolhimento de paredes, portas e janelas. Distâncias de matéria, jamais distâncias de amor.
Desde que a minha alma te reencontrou, há um recolhimento constante do meu eu, para estar comigo mesma. Falar-me. Ouvir-me. Seguir os conselhos que a tua alma me sussurra. E tantos têm sido. Focar-me em mim. Ensinaste-me a estar com o eu que sou. A não ter medo de mim nem do meu silêncio. A um recolhimento espontâneo de crescimento.
Por isso, quando vou à janela, a rua pode estar despovoada de movimento, mas o meu coração vê o filme dos teus olhos em mim. Recolho-me na quietude desta chuva miúda contigo no meu pensamento, onde vives.
És mesmo daquelas pessoas únicas e de uma transcendência especial, porque só os teus olhos têm o encanto de me fazer sentir amor no coração nesta paisagem de vida sumida.

Esta dor de cabeça...

carolina-heza-0lD4hF1fBv0-unsplash (1).jpg

Talvez as assombrosas dores que assolam a cabeça não sejam mais que as saudades dessas tardes fugidas nos teus olhos.
A escuridão desta prisão de tardes sem cheiro de luminosidade escureceu a luz do meu coração.
Fecho os olhos. Vejo-te tão nitidamente. Cada gesto de cada traço teu ali à minha frente a romper o negro. Trazes-me luz nas memórias recentes do teu olhar.
Abro os olhos. Desvaneces. As sombras continuam a dançar com a minha dor de cabeça, indiferentes ao meu sofrimento. As dores latejam. A cabeça balança. Procuro o som do sol para me aquietar a agonia.
Há qualquer coisa em ti que me deixa assim, prostrada em saudades tuas.

Imagem : Internet

Chuva

erik-witsoe-mODxn7mOzms-unsplash.jpg

As gotas da chuva são como as teclas de um piano no meu guarda-chuva. Chove música aos meus ouvidos. Uma melodia de ping ping em vários tons que parece uma daquelas sinfonias dos grandes compositores. Que tem o seu auge de acordes de pianos e violoncelos nos teus olhos. A tristeza que me assola. Uma espécie de dor sofrida. E o meu coração enrola-se nas cordas e sofre como se essa música tenha sido escrita para mim. As notas de solidão na pauta dessa música tocadas no teu rosto. Ignoramos a música que nos chama e continuamos na chuva, cada um no seu lado desta estrada. Vamos embora, mas não um do outro enquanto a chuva continua a tocar no piano do meu guarda-chuva no vazio de amor em que me transformo no caminho de regresso a casa.
 
Imagem : Internet

Pág. 1/2