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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Dia da Primavera e de ser feliz

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Eram 9h37 quando a primavera chegou. A aragem era fresca como se o inverno não nos quisesse deslargar. O céu estava tão limpo com os raios do sol a romper a atmosfera para nos abraçar. Num desconfinamento ainda confinado, os pés não podem caminhar longe, mas procurei o verde da zona. As árvores e as flores citadinas que me encantam no meio de tantos prédios e estradas.
É um sábado especial. Com a primavera inicia-se um novo ciclo astrológico, com a entrada do sol no signo de carneiro. O verdadeiro ano começa agora. Hoje sim é dia de festejar a vida, e não naquele 31 de dezembro. Deixamos o cinzento do inverno das sombras. Tempo de integrar todos os processos vividos. Simbolicamente o nosso inverno foi pautado por um recolhimento obrigatório que devíamos ter aproveitado para fazer uma grande viagem interna dentro de nós. Conhecer quem somos. Começa o período de semear sonhos, projectos e desejos. Sermos a semente de nós mesmos. De criarmos o nosso caminho numa fidelidade à nossa essência. Façamos com a energia de fogo e de ação que agora nos rege.
Talvez por começarmos hoje um novo ciclo astrológico com o equinócio da primavera, diz-se que é o dia mundial da felicidade. Muitos de nós perguntamos o que é ser feliz? Resposta difícil quando procuramos a felicidade nos outros. Ser feliz começa dentro do nosso coração quando se enche de amor. Ser feliz não é quando nos acontece algo grandioso. Ser feliz tem de ser uma rotina. Um estado de espírito. Está nas mais singelas coisas, nos pequenos momentos, nos gestos disfarçados. Olhar a vida com todo o seu esplendor. Tanto se pode dizer disto da felicidade. O mais importante é que ela começa em nós. Se estivermos dependentes dos outros, nunca saberemos o que realmente nos faz sentir feliz.
Hoje, este dia extraordinário que o universo nos presenteia. Aquelas coincidências que nunca o são. Porque têm sempre um sentido de existirem. Tu. Um vislumbre desse rosto com máscara. Um ténue timbre da tua voz. Um desfilar desse teu corpo mais que perfeito. A tua mão que penteia o teu cabelo como se fosse possível seres ainda mais bonito.
Ver-te é sempre uma luz em mim mesmo quando vem com os demónios a dançar à sua volta. Aprendi nos teus olhos de amor a ver o amor dentro de mim. Aprendi em ti que dependo de mim para ser feliz e tão pouco me importam o que os outros pensem. Ser livre como sou seja isso o que for, mas sou eu.
Tem acontecido um renascer em mim desde a tarde em que a tua alma me bateu à porta das emoções. Cresci como ser. Por isso, neste dia que é início, é especial olhar para ti que foste uma espécie de começo naquilo que verdadeiramente sou. É especial ver-te neste dia de ser feliz porque a tua alma obrigou-me a olhar a felicidade de estar simplesmente viva só para te poder ver.
Há tanto de doce neste dia. Um dia de flores. De luz. Da dádiva da natureza. Da gratidão da vida. Do infinito do universo.
Há tanto de ti neste dia, porque és primavera de amor.

Dia 59 de confinamento e amanhã começa o desconfinamento

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Dia 59 de confinamento.
O último dia de um confinamento fechado e restritivo. De muitas limitações. De distâncias e portas fechadas. Foram dias de profundo recolhimento. De olharmos para nós e para quem somos. Ver o que está lá trás, planear o futuro, mas aprender a estar no presente, a viver o aqui e agora na sua unicidade. Compreender a beleza de viver no foco do momento. Ver a maravilha de cada instante.
Tivemos horas de conversas intimistas com a nossa alma para nos conhecermos verdadeiramente pois tantas vezes andamos na superfície do nosso ser sem irmos às entranhas do nosso eu. Enfrentar os medos, dançar com as sombras, sentar ao lado dos demónios. Só assim a nossa centelha divina pode brilhar. Esta foi uma oportunidade que não pode ser desperdiçada nem esquecida.
Tivemos oportunidade de aprendermos a cuidar ainda mais de nós porque cuidar de nós está nos mais singelos gestos de amor para quem somos. O nosso corpo é um templo sagrado e tem de ser cuidado como tudo o que é sagrado deve ser docemente estimado. A prioridade é o nosso bem-estar, estarmos bem connosco mesmos, porque somos a pessoa mais importante da nossa vida. Procurar o equilíbrio emocional e mental nunca foi tão relevante. Deve ser sempre a nossa rotina, e não só em confinamento.
Pudemos dar azo a talentos, a desejos, a sonhos. Por em prática algumas coisas que tantas vezes dizemos não ter tempo para tal. Sentir amor e paixão em tudo o que fazemos. Deixar de fazer o que quer que seja por frete. O tempo é demasiado valioso para ser gasto em inutilidades que nada nos dizem.
Para quem não praticava a gratidão, este gigante desafio do universo obrigou-nos a ser gratos por aquilo que temos. Às vezes queixamos-nos sem necessidade, e é isso que vamos atrair, essa vibração negativa em forma de matéria porque é na matéria que expressamos o nosso propósito de alma nesta vida. Sejamos gratos por aquilo que nos faz feliz, um sorriso, um olá, o cantar de um pássaro, as flores, o trabalho, os livros, as palavras, os amigos, a casa, há tanto por onde ser grato. Mas não é dizer por dizer. É sentir isso no coração. É emanar essa vibração. E com o tempo aprendemos a ser gratos pelos desafios, provações e obstáculos pois são nesses momentos que mais crescemos.
Que este confinamento possa ter sido uma valiosa lição de aprendizagem do nosso eu.
Amanhã começa um lento e progressivo de desconfinamento. Que seja feito com tranquilidade e serenidade. Que tenhamos respeito por nós e pelos outros. Façamos esse desconfinamento com amor para que tudo corra bem e não voltarmos atrás e regressar a um confinamento selado.
O futuro, o amanhã, depende de cada um de nós. Então que cada um seja responsável por criar um amanhã melhor com os comportamentos de hoje.
Não é pedir muito, pois não? Afinal a sociedade é a soma de cada indivíduo.
Recebemos o que damos. Recebemos a energia que vibramos. Então que o amor seja a nossa resposta neste desconfinamento.

Dia 58 de confinamento e fiz uma tarte de frutos vermelhos

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Dia 58 de confinamento.
Deixei os demónios nos gritos dos pesadelos e fui aproveitar o sol matinal. Reter a energia do sol no coração. Ver rostos que infundem a alma numa adoçada mansidão. A voz de mel que afugenta os fantasmas das minhas sombras e deixam a tua luz no meu caminho. Agarro vigorosamente esse meu sentir de tréguas comigo mesma. Acalmaste todo este motim interno que me assolou sem pedir licença.
Deixaste-me tranquila. Por isso, decidi ir fazer um doce mais saudável como aquilo que és, que me faz renascer do abismo. Fui buscar os frutos vermelhos, da cor do amor porque o amor é nos tudo. Fazer uma cama na tarteira. Depois com os ovos e gemas misturar o sabor do calor, na farinha de coco, açúcar e coco ralado, leite de coco. Verter umas gotas de essência de baunilha. Envolver tudo com cuidado e sem pressas. É fim-de-semana, tempo de desacelerar. Colocar suavamente esta mistura na cama dos frutos vermelhos e vai ao forno num descanso para serenamente os sabores se fundirem, enquanto os afetos cozinham.
Retirar do forno, deixar arrefecer, salpicar com amêndoa laminada, cortar uma fatia e provar esta nova receita. É saborosa. Foi feita com ingredientes de amor, porque trazia em mim o amor que ontem por momentos me abandonou e que me devolveste em forma de uma tarte.

Dia 57 de confinamento e os demónios

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Dia 57 de confinamento.
O melro no alto do ramo do tronco da árvore canta-me turbulentas emoções. Vou espairecer depois de enfrentar alguns demónios que vivem nas minhas profundezas. Desafio deste universo que me obriga a estar ali a afugentar fantasmas de uma vida. E eu mando-os embora. Mas fico cansada. De corpo quebradiço. Enfrentar medos esgota-nos.
Os pássaros quase na sua hora de recolhimento e sem frio desse vento gélido que nos fustiga os olhos ainda cantam. E eu ouço-os. Paro a olhar o melro que me deixa tirar uma foto. Agradeço e continuo a caminhar numa sonoridade melancólica que me embala o coração.
Depois uma tristeza que me inunda a alma ao ver-te. Talvez por causa desses demónios que enfrentei. Ou talvez por causa de ti. Por todas as emoções que me és. Ou quem sabe por estar de costas para ti. Porque calhou. Porque quis. Porque talvez seja tempo de um duro desapego a fazer. Tantas frases retóricas. Sem respostas. Sem sinais de caminho a seguir. Perdida de sentidos de direção.
Vai na volta os teus demónios sentiram os meus e foram visitar-se uns aos outros. São amigos de vidas. Trazemos demónios connosco, até podem ser diferentes, que o são, mas eles sentem-se, pressentem-se e compreendem-se como nós nunca nos iremos compreender.
Continuei a andar de passos lentos, a uma velocidade de caracol porque não havia pressa nos meus pés. A minha mente e o meu coração precisavam de estar por ali a recuperar. Andar tornava-se doloroso. Apetecia-me chorar, mas não há problema, está tudo bem. São as minhas emoções a fazerem-se ouvir dentro de mim. E eu fiquei a observar-me.
O desapego dói muito. Mas haverá sempre algo tão visceral entre nós que só olhar para o teu rosto me traz todas as memórias que me correm no sangue. Chegará o dia em que estarei livre. Quando ficares no mais doce lugar que tenho cá dentro. E estarás sempre a obrigar-me a continuar e nunca desistir de mim nem disso que é o amor. Nem em dias tristes me fazes esquecer que és amor.
Sinto um aperto tão intenso dentro de mim. Torna-se difícil conter as lágrimas. Soltar estes sentimentos que me assolam. Nem sempre temos de estar de sorriso aberto. E está tudo bem. Há horas que precisamos de ir lá ao fundo do nosso ser e chorar, limpar o lixo tóxico e regressar. E isso é tão preciso para depois estar ali a assobiar à vida junto ao melro.
Talvez tudo seja um misto de demónios, os meus que vieram hoje dizer-me que estão cá. Mas estão mais fracos. Os meus e os teus demónios juntos a trautear-nos na alma para depois ficarmos bem.
Só tenho de aprender a cantar com as minhas sombras, mesmo que tenha dias assim como hoje, de olhos confinados ao silêncio. 

Dia 56 de confinamento e as minhas manhãs

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Podemos já ir no dia 56 de um segundo confinamento, mas as minhas manhãs são assim há centenas de dias. Desde que fomos obrigados a mudar de rotinas e comportamentos. Desde que tantos se nós tiveram no teletrabalho uma nova realidade. Quando a esplanada matinal ficou em suspenso. Quando as voltas ficaram restritas ao meu quarteirão.
Nesse março de 2020, as minhas manhãs passaram a ser diferentes. Tive de me adaptar. Sem me queixar. Aprender novos passos e descobrir novos hábitos. Num fluir sem pressões.
As manhãs ganharam a cor das árvores e das flores por aí espalhadas à beira estrada. Alguns minutos de caminhada matutina. De vez em quando parar com o rosto em direcção ao sol a receber toda a sua energia de fogo e coragem.
Olhar os malmequeres a florescer na primavera que se começa a enraízar. A perfeição num simples pedaço de terra abandonada.
A herança nocturna das pequenas gotas da geada nas folhas que desenham uma mestria que só a natureza sabe esboçar.
Absorver as músicas dos melros pendurados nos ramos das árvores, tão sincronizados com o bater do nosso coração.
As manhãs passaram a ser diferentes. Foi preciso encontrar a gratidão nestas pequenas coisas para resistir e não quebrar.

Dia 55 de confinamento e Sintra estava triste

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Dia 55 de confinamento. Uma visita rápida a Sintra para não estar ilegal sem cartão de cidadão. Nos compassos de espera, uns passos rápidos até uma vila desprovida de vida. Algumas pessoas a vaguear como eu. Poucas, que os dedos contavam.
Tudo fechado. Nem a icónica Periquita estava aberta para um simples take away. Até os travesseiros e as queijadas estão num recolhimento imposto. Sem nos poder adoçar por uns breves momentos para esquecer a amargura deste período que atravessamos.
Enquanto caminhava, a minha alma ficava a cada passo numa profunda desolação. Um silêncio quase cadavérico à minha volta. Sem ter de me desviar para um simples foto porque o espaço era todo meu. Até a vontade de uma fotografia me abandona.
Uma vila que era de um amor estonteante. Que brilhava aos nossos olhos, estava de céu encoberto de uma profunda tristeza. Um pesar que senti dentro de mim e quis regressar. Sair dali como nunca tal tinha acontecido. O coração estava tão apertado de tanto ouvir a solidão da vila a gritar em desespero. Tal como todos aqueles negócios que aguardam por dias mais radiosos.
As estradas sem carros ou autocarros. Tirando a zona da Portela, por onde os meus olhos passaram só viram vazio. E vim de coração oco.
A primavera está a chegar às árvores que florescem. Tão bonitas. Sem ninguém para conversar com elas. Os pássaros voam com a melodia nas suas asas. Mas nem a harmonia das suas vozes aconchegam uma vila em agonia.
Uma vila de Sintra de uma beleza extraordinária que hoje me pareceu um daqueles cenários melancólico sem vida para agarrar. Sem aquele seu amor que nos oferecia.
Que venham, em breve, dias de alegria para que a vila possa renascer com ainda mais magia.

Dia 54 de confinamento e fiz pão

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Dia 54 de confinamento.
Continua tanto e tudo por aí fechado. E nós, por casa, vamos continuando. Talvez, por isso, nos haja tempo para experiências culinárias. Desta vez, escolhi tentar fazer pão sem gluten. Aprender novos ingredientes como fermento seco de padeiro que fica uns minutos a ativar ou polvilho doce. Conhecer novas farinhas nunca experimentadas como a de trigo sarraceno e juntar farinha de arroz. Envolver tudo suavemente e delicadamente como o pão deve ser porque é dos alimentos mais sagrados que temos. Deixar a levedar algumas horas a recordar os tempos idos em que via aqueles alguidares da minha avó com a massa a descansar até ir ao forno de lenha. Não foi em cima das pedras da quinta da minha avó que esta massa levadou, mas perto da janela onde tantas horas ela passou a olhar o verde das recordações enquanto esteve por minha casa.
O forno é elétrico. Tão diferente daqueles fornos aquecidos a lenha de tronos soltos. Que coziam vários pães ao mesmo tempo. Aquela crosta tostada que estes pães modernos não conseguem ter.
Cheira a pão, mas o aroma não é o mesmo que tenho guardado na memória do olfactiva. Esse perfume a pão que se espalhava nos caminhos e na casa. E ainda quente, com manteiga derretida, conforta qualquer alma. Ou até simples a queimar a língua. Que bons tempos esses sem as intolerâncias alimentares de hoje.
Nesses tempos de criança, o pão era tão mais saudável, as farinhas ainda eram naturais, a água era pura. Era tudo tão mais sadio.
Comer o pão amassado pelas mãos da minha avó era saborear um pão feito de amor que só agora compreendo como a comida é tantas vezes feita de carinho e afetos.
Esta minha experiência de pão mais saudável até correu bem. Cozeu, é comestível, é saudável, e foi feito sem pressas ou expetativas. E teve os ingredientes da tranquilidade e amor e esses são os mais importantes.

Dia 53 de confinamento e é Dia da Mulher

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Dia 53 de confinamento.
Dia 8 de Março, que o calendário diz ser o Dia da Mulher. Uma data que não deve ter um dia em concreto. Todos os dias devem ser nossos, porque em todos os dias temos de demonstrar o amor por nós. Isso é o mais importante, o amor por quem somos. Respeitar a nossa alma, o nosso coração, o nosso corpo. Somos sagradas. A nossa essência é divina.
Se não me respeitar, então tudo falhará, pois vou aceitar tudo o que vier. Que poderá ser qualquer coisa, boa ou má. E queremos apenas e tão somente o melhor. Porque é isso que merecemos, o melhor. Cada uma de nós merece ser e ter o melhor da vida.
Mais do que flores que nos possam oferecer, há sorrisos e olhares que são tão mais sinceros. Que são diários e não como as flores, tantas vezes oferecidas uma vez por ano a uma mulher. Às vezes precisamos mais do que flores.
Quero olhar para este dia como um dia que nos recorda tudo o que mulheres guerreiras antes de mim lutaram pelos direitos, pela igualdade. O que hoje parece natural como ir votar ou trabalhar em determinadas áreas, antes isso era vedado às mulheres. Hoje temos de homenagear todas essas mulheres que me permitiram estar aqui e agora. Este dia tem de ser lembrado por isso, não como mais um dia de consumismo.
E ainda há tanto para percorrer por todas nós, mulheres. O horizonte ainda está turvo.
Não é só hoje que temos direito a mimos. O mimar-nos tem de ser uma rotina. Às vezes pode ser em pequenas coisas, como um banho de sais, um creme corporal, um batom, uns brincos, umas calças novas, uns ténis da moda. Um treino, meditar. Um passeio no jardim em harmonia como o chilrear dos pássaros. Folhear um livro ao som da corrente do riacho. Fazer sempre algo por nós que nos faça sentir bem. Cuidar de nós todos os dias é imperativo. Não desleixar o nosso bem-estar em detrimento dos outros, nem estarmos aqui para agradar esses outros. Estou aqui para me agradar a mim mesma. Não esperar pela aprovação deles. Em primeiro lugar tenho de aceitar quem sou e como sou. Ser livre para ser isso mesmo, eu.
Nós somos a pessoa mais importante da nossa vida. E não é só hoje, Dia da Mulher, mas sim todos os dias.

Imagem : Internet

Dia 52 de confinamento e o dia em que entrei no ginásio

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Dia 52 de confinamento. Dia 7 de março. Um dia que marcou muito do caminho que tenho vindo a trilhar. Neste dia, há 7 anos estava eu a entrar no ginásio para me inscrever, achando na altura que iria ser sol de pouca dura. Eu que sempre odiei desporto num ginásio era irónico.
Mas fui. Fui indo. No início emocionalmente não foi nada fácil. Não pelo ginásio. Mas pela minha mente. Porque achava que estava ali por causa de uma solidão em que supostamente vivia.
Até que aos poucos fui conhecendo as minhas instrutoras(es) . A vida foi-me tão generosa porque me foi dando de presente as melhores e os melhores. Quem nunca me deixou de desistir de mim e em cada exercício me obrigava a superar a mim mesma.
Fui conhecendo as minhas colegas, muitas das quais levo para a vida. A estarmos ali para nos motivarnos umas às outras.
Aprendi a estar a ali para me desafiar e não para me comparar. Se em cada treino me supero, é só por mim que faço isso e não para ser melhor que os outros.
Aprendi a não me importar se errava os passos de zumba, mas qual teimosa não descansava até aprender. Todos erramos e todos aprendemos, cada qual no seu tempo.
Aprendi nestes anos a sorrir enquanto transpirava.
Aprendi a conhecer o meu corpo e a ouvi-lo quando pede zumba, aulas de power ou Yoga.
Estes anos de desporto trouxeram-me tanto de quem sou. Aprendi a conhecer melhor quem sou.
Se antes odiava literalmente desporto, hoje tenho tantas saudades dos eventos a que ia. Do ginásio e das aulas.
Há um ano, nunca pensaria que ia começar a treinar em casa. Não o faço por obrigação, porque tem de ser. Faz bem e tal. Faço porque gosto e adoro e porque sei que me faz bem. Sinto isso no corpo, na alma, na mente e no coração. E em período de confinamento e teletrabalho, temos de encontrar equilíbrio emocional e o desporto traz-me parte desse equilíbrio. É a minha terapia e chamar louca à minha instrutora também ajuda!
Hoje, naquelas coincidências que não o são, houve um evento online de zumba com duas das miúdas de coração e muitas das minhas colegas.
Não haveria melhor maneira para assinalar este dia que trago sempre no meu coração.

Imagem : Internet 

Dia 51 do confinamento e uma sobremesa primaveril

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Dia 51 do confinamento.
Acordar com a primavera lá fora. O céu limpo onde os pássaros voam felizes numa cantoria com o universo. Estar num canto verde e ouvir a sua melodia no coração.
Aproveitar uns minutos e sentir os raios de sol a aquecer o rosto enquanto dou descanso à máscara.
As borboletas que dançam à minha volta sussurrando o teu nome, sabendo elas que os meus olhos te iam ver.
Ficar por ali a meditar num silêncio que acalma.
Para depois regressar ao confinamento e inspirada pela manhã primaveril resolvi terminar o almoço com uma sobremesa de cores luminosas alusivas ao solstício que se apressa a chegar. Os morangos e a sua cor de amor que me lembram de ti. Os suspiros das Caldas, com a validade prestes a terminar, esfareladas a vestir os morangos numa espécie de salpico de nuvens. Como se a tua voz fosse um daqueles profundos suspiros de alma que só ouve quem te ouvir com o coração. O gelado de nata, a cor da paz e da tranquilidade, como toda aquela serenidade que me ofereceste um dia. E que a medo aceitei.
Uma sobremesa para um dia de primavera que me lembram a leveza que me és. Uma sobremesa simples com tudo deve ser.
Uma sobremesa doce como os teus olhos são. Uma sobremesa que é amor e paz. Como tu.

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