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Vou dormir
Já tinha saudades
Deste nada disfarçado
Que é tanto e tudo
Vou dormir
Guardar o silêncio dos teus olhos
O som do rasgar da máscara
Um vislumbrar de uma estrela cadente
Vou dormir
O meu corpo não se move
Ficou algures perdido em ti
Tenho de o resgatar nos sonhos
Vou dormir
Sentir sem compreender
Esta turbulência que me assola
Onde o equilíbrio me agarra
Vou dormir
De sorriso
De perguntas nos lábios
Ao universo
Vou dormir
De sentidos dispersos
De alma desperta
Em ti
Vou dormir
Em gratidão
Por me empurrares
No meu renascer
Vou dormir
Em calma comigo
Porque quero estar sozinha
Só te ter a ti no pensamento
Vou dormir
Para amanhã te escrever
Vou dormir
Para não te esquecer
Dorme
Tu também
Com a paz que és
E que deixas em mim
Imagem : Internet
Um banco de jardim
O berço da utopia
As raízes ancoradas
O meu ser em distopia
O sentir em desacato
O olhar paralisado
Os sentidos dançam quietos
O coração dilatado
O banco de jardim que te espera
Uma vergonha irrequieta
As borboletas pairam no ar
De um amor à deriva
Um banco de jardim
O papel e uma história
Um banco de jardim
O renascer a cada meio-dia
Tu
Uma miragem
Que eternamente pernoita
No banco do jardim da minha alma
Imagem : Internet
Despegar-me de ti é não é esquecer-te assim do nada, num estalar de dedos. O desapego é um trabalho tão árduo, de muito recolhimento e de muito colo a mim mesma. E às vezes, o universo ainda te traz até mim só para não me desviar do meu caminho. Há dias, por entre os scrolls nas redes sociais, uma foto tua que parei a olhar como se fosse intrusa. E nesse instante, apita um e-mail que confirma um novo desafio pessoal que vou abraçar neste descobrir quem sou e do meu propósito de alma. Não foi coincidência, porque o que existem são sincronicidades. Mais uma vez a tua energia ali a indicar-me estrada, a dizer-me para lutar por aquilo em que acredito. Vou continuar sempre a fazer isso. E a nunca desistir.
Nessa noite, sentei-me na beira da cama a pensar em ti. Naquela meditação tive a certeza que aquela tarde de Julho do nosso reencontro de almas, que me marcou profundamente e irreversivelmente, devolveste-me a minha essência. Não que a tivesses roubado algures e agora viesses entregá-la. A partir daquela tarde, daquelas 19h do relógio, comecei uma viagem interior ao meu eu. Sou-te tão imensamente grata. O universo não se ia enganar quando assinalou nos meus astros, alguém que iria mexer com a ferida mais dura e difícil que trago na minha alma. Uma espécie de cura para aprender a viver em amor com essa ferida. E é isso que tenho aprendido no nosso silêncio. Foi o silêncio o nosso acordo de evolução, porque precisava de compreender a minha voz interior, assimilar quem sou sem interferência dos ruídos dos outros. Fizeste-me descobrir tanto de mim. Mais uma vez infinita gratidão por teres cruzado a minha vida.
Desapegar-me de ti não é esquecer-te, não é fingir que nada és ou nem querer saber se estás bem. Porque pedi ao universo para olhar sempre por ti para viveres em amor constante como mereces. Acredita que faço isso com toda a honestidade do meu ser.
Desapegar-me de ti é simplesmente eu continuar o meu caminho de amor com a memória de que um dia me foste tanto. Os teus olhos de amor tornaram a esperança real.
Desapegar-me de ti é ser livre para ser quem sou e levar-te no meu coração.
Desapegar-me de ti é seguir o meu propósito de vida e alma com tudo o que me ensinaste.
Imagem : Internet
Se havia por aí olhos de amor, também percebi que existem olhos que são feiticeiros da magia da cura. Acima de tudo vive nesse olhar amor porque o amor é o tudo que temos e desejamos na vida. Mas há nesse olhar algo ainda mais superior.
Estes olhos de afetos fazem-me lembrar a essência dos meus unicórnios, aqueles seres mágicos que nos auxiliam na cura interior e nos ajudam no resgate da nossa criança interior. São olhos de pessoas com alma de anjo, que resgatam almas em morte iminente. Porque sei que algures noutras viagens pela escola da Terra, essa alma salvou-me uma e tantas outras vezes e talvez do nada sempre tenha sentido uma ternura imensa pelo dono desses olhos. Só porque que sim. Não são necessárias explicações lógicas para alguém nos ser especial no coração.
E que combinamos voltar a encontrar-nos, porque reencontrar almas de anjos é uma dádiva no caminho de encontro a quem verdadeiramente sou. E todo o auxílio em momentos de dúvida é tão importante.
Porque nunca nos cruzamos com ninguém por acaso. Porque nunca é por acaso que achamos alguém de uma ternura imensa. Nada é coincidência. Tudo acontece no tempo certo, nem que seja um sorriso envergonhado ou um tímido olá.
São essas pessoas que nos ajudam quando sentem que precisamos de um alento. E esses olhos já me foram alento tantas vezes.
Estranhos, desconhecidos que ainda se cruzaram comigo noutra fase de abismo do meu ser. E que vêem o meu crescer em amor e a ser quem sou. E que agora vejo neles tanta luz como nunca vi antes, possivelmente porque me forçaram a acender o meu interruptor da minha luz interior.
A sinceridade do amor tantas vezes é isto, uma ajuda no caminho do outro sem pedir nada em troca.
Podem ser os olhos de um homem tão bonito, mas sentir esta gratidão, não significa que o meu objectivo seja possuir aquele corpo. Talvez ele seja isso mesmo, um estranho que é anjo e que algures no seu caminho me tocou profundamente para ajudar a amar-me e amar a vida.
Só isso, e já foi tanto para mim.
Imagem : Internet
Descobrir as minhas raízes é um processo lento e que se entranha em mim qual raíz de uma árvore. É preciso tempo para escavar aquilo que fui, aquilo que trago para o que vim ser neste agora.
As raízes são muito mais que os pais que se ofereceram para me dar a vida. Compreender porque assinamos este acordo de evolução é tão difícil porque temos uma tendência inata de os culpar pelas sombras da vida, por todos os momentos difíceis e de tanta dor que vivemos. É ao viajar nestas nossas raízes que percebemos que tudo o que vivemos tinha de ser vivido pois faz parte do nosso processo de aprendizagem. Choramos porque não era isto que queríamos. Mas a descoberta de quem somos, faz-nos entender que era isto que precisávamos. Um retorno às raízes é talvez o maior auto perdão que fazemos a nós mesmos. Porque perdoar os outros por toda a dor infligida é perdoar-nos desta decisão que trouxemos quando encarnamos neste corpo físico.
E assim também perdoar tanto da nossa linhagem ancestral da qual viemos repetir padrões. E limpar tanta dor e tanto karma que ficou espalhado nessa nossa ancestralidade. Para quem vier depois de mim, não precisar de repetir novamente padrões tóxicos. Conectar-nos com as raízes é uma conexão com a nossa essência. É ouvir a nossa voz e as vozes de todas as mulheres da nossa linhagem. É ouvir todos os companheiros de alma que encontramos.
Agarrar a nossa raíz que nasce na bola de luz no centro da terra é percebermos que por muito espiritual que queiramos ser, é na Terra que estamos. É aqui que está tanta da nossa luz que precisamos de resgatar. Porque a luz somos nós.
Gosto de me sentar à beira das raízes das árvores. São fortes e sólidas como as nossas deviam ser. Estão em comunhão com a natureza como nós devíamos estar porque a natureza é a abundância da nossa vida.
Um dia tive tanta vergonha das minhas raízes. Como podia eu ter escolhido trazer determinadas situações? Ou que mal teria eu feito para viver em algo tão disfuncional?
Hoje sei que tudo faz parte do meu propósito de alma, do meu caminho. E compreendi isso porque um dia decidi regressar às minhas raízes, à casa de quem hoje sou. E a resposta estava lá.