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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Meu querido amigo anjo

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Parece que foi ontem, mas o tempo não perdoa no seu cronómetro que não para, e tantos já são os anos que passaram desde o dia em que não tive a possibilidade de te dizer até já. Dezanove anos, quase duas décadas de ausência tua.

Hoje farias anos e estarias no auge da vida, possivelmente um quarentão todo giraço, nos melhores anos desse teu sorrir, que deixa saudades. Por isso, nesse paraíso onde só as almas puras podem viver, hoje é dia de festa, pois para ti a vida era sempre uma festa, uma fracção de tempo que não podia ser desperdiçada. Que o espírito da alegria nunca te abandone e que espalhes essa alegria no sono de todos nós para que na manhã, ainda de olhos fechados, esbocemos um sorriso.
Agora, nos pequenos momentos que saboreio da vida, lembro-me de ti, como são importantes esses momentos nossos, em solidão ou em companhia, mas que preenchem a nossa alma. Porque hoje é, mas a incógnita do amanhã pode não voltar a trazer esses instantes. Aprendi contigo que devemos sempre dizer aos outros como gostamos deles, como são importantes para nós. Mostrar carinho, afecto e amor. Podemos não voltar a ter essa oportunidade. Mesmo que a tristeza viva em nós, que uma ferida aberta sangre, nunca devemos negar uma palavra amiga a quem é nosso amigo, nem esconder um sorriso a quem nos sorri na sinceridade de um coração.
De ti guardo um carinho especial e a mágoa de não poderes ter visto o meu renascimento. Foi em ti, meu querido amigo, que começou este meu processo de descobrir uma Ana, que um dia roubou a primavera de si mesma. Mas a ti roubaram-te a aurora da vida e não pudeste estar aqui a ver-me crescer como uma flor. Embora muitas vezes olhe para o céu e te tente encontrar para que não te esqueças de mim, que ouças as minhas preces, sei que tenho em ti um anjo, que mesmo distante me abençoou, por me ter feito cruzar com algumas das almas mais luminosas que poderia ter encontrado. Não tiraste as pedras do meu percurso, porque preciso de tropeçar nelas para me tornar mais forte, mas não tenho medo de cair, pois estarás lá para amparar a minha queda.
Mais logo à noite, antes de dormir, ao olhar o firmamento de uma noite de verão, sei que o reflexo do sorriso mais brilhante de uma estrela, é o teu sorriso que vai iluminar os meus sonhos e que me vai deixar sempre ver a cor que pinta os momentos da vida.
Obrigado meu amigo por um dia teres cruzado a minha vida, na altura não percebi, mas hoje compreendo como conhecer-te foi muito importante para o meu ser, para crescer e aprender.
Meu querido amigo recebe estas palavras escritas pela mão do coração, num abraço apertado de saudade.
Há pessoas que nunca serão esquecidas, tu és um desses seres que ficará sempre guardado em mim.
 
Imagem : Internet

Dia da Vacina

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Hoje foi dia da primeira dose da vacina. Tento não fazer parte dos extremistas, nem dos que vivem em medo nem dos negacionistas. Respeito cada opinião porque é isso que esta Nova Era nos vem ensinar. A importância do respeito por mim e pelo outro e no que cada um acredita.
Não sou a pessoa mais crente na vacina, porque sinto que não é isto que nos vai salvar. Não é uma vacina que irradica um vírus que é uma profunda aprendizagem para todos.
Passa pela mudança de comportamento de cada um na individualidade que é, porque é assim que formamos o coletivo.
Mas por respeito e porque talvez seja o que agora temos para atenuar esta pandemia, fui em consciência e em equilíbrio interno. Não quero entrar em histerismos. Não servem para nada, só pioram o que vivemos.
É nos pedida calma e tranquilidade, e é tudo o que não temos. E com as medidas estapafúrdias que por aí proliferam, estamos a anos luz de vivermos sem este vírus. Ele reinventa-se para nos dar na cabeça e abrimos os olhos. E teimamos em continuar cegos.
Levar uma vacina que não sabemos o que nos colocam no corpo é sempre algo tão sombrio e cinzento. Dúvidas, incertezas do que será. Muni-me do meu reiki, muito enraízamento para estar no momento presente. As minhas roupas cheias de cor, aquele top onde olhares ficaram cravados.
Fui. Hoje tudo muito organizado. Mas isso não tira o peso que se sente nestas alturas. Até outros utentes foram simpáticos para comigo nas filas. Às vezes vale a pena tentarmos viver em luz. Para atrair mais luz.
Como estes momentos mais cinzentos se combatem com muito amor, e naquela coincidência feliz da minha amiga da Corrida aos Bolos estar de folga, das suas mãos mágicas que transpiram carinho, saiu uma pavlova. Cheia da cor do amor. Cheia de amor. E uma explosão de sabores que aconchegam a alma em amor.
Em vez daquela típica foto do cartão da vacina, quis ser diferente, e tenho uma foto de um bolo feito de amor, porque o amor é aquilo que mais precisamos neste momento.

A luta do corpo

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A relação com o meu corpo tem sido conturbada feita de muitos baixos, de ódio e desprezo. De negligência e apatia.
Tantos anos a fechar os olhos quando me olhava no espelho. Odiava o que via. Sem fotografias, quanto mais em biquíni.
Tinha excesso de peso, mas sobretudo carência emocional e a minha alimentação era tudo menos saudável. Não é só a anorexia e bulimia que são reflexo de um repúdio pelo corpo que temos. Há um lado emocional que nos segrega o discernimento, e quando aliado a outros fatores é uma combinação explosiva. E tratamos o corpo com o ódio que sentimos pelo mundo, porque achamos que o mundo não nos ama. Se ninguém nos ama, que mais interessa. Não sabia que eu tinha-me de me amar primeiro.
Ouvir de outros que era gorda, e embora o fosse, é de uma violência atroz para uma miúda em pré-adolescência. Pesar mais de 90kg, chegar a ter calças 48 e camisolas XXL. Isso fechou-me. Passei anos e anos sem ir à praia pelos complexos. Pela vergonha do corpo tão imperfeito que tinha. Escondia aquele horror que era. Senti-me tão feia durante tanto. Anos a fio sem ver que a beleza está dentro de nós. Mas sem cuidar do meu corpo, estava morta por dentro. O meu corpo era um templo em ruínas.
Não vivi muito do que uma rapariga era suposto viver, as roupas que não havia como há hoje, a maquilhagem, entre outras tantas coisas.
Compreendo, hoje, depois de tantas aprendizagens, que tinha de viver isso, que faz parte do meu propósito de vida. Aprender a amar o corpo é um desafio de uma vida, como um dia alguém me disse. Porque amar o meu corpo é amar quem sou. E é tão bom amar em quem me tornei com todas estas lutas.
Não tenho o corpo perfeito, mas afinal o que é isso da perfeição? Tenho o corpo que tenho de ter para cumprir o meu propósito de vida. É o meu templo, a matéria para o meu espírito poder cumprir a sua missão. Por isso tenho de cuidar tão bem do meu corpo, física emocionalmente, porque é o que de mais sagrado tenho.
Aprendi a aceitar a celulite, as estrias, a barriga. São a prova das batalhas que travei. Fazem parte do meu eu.
Não espero a aprovação dos outros que me digam se sou ou não bonita. Agradeço aos que me acham bonita. Se me sentir bonita, já não há comentários negativos nem destrutivos que me enterrem o coração. Esse tempo já passou.
Foi tão difícil, de tanta crueldade de mim para mim, mas conquistei a pessoa mais importante da minha vida. Conquistei-me a mim mesma. Conquistei o amor por mim.

Imagem : Internet 

Ampulheta

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Atraíste-me de volta a ti com o teu olhar. Avassalador e libertador.
Traíste-me o desapego. Como um mistério indecifrável de amor.
A ampulheta da existência indiferente a isso, prossegue o seu fluir.
A bússola continua a indicar-me os pontos cardeais do caminho. Deixar-me ir.
Até ti. Ou para longe de ti.
Essa é a resposta que o meu sussurrar de alma procura.
 
Imagem: Internet

Inquietudes

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Na sombra de uma árvore perdida no betão citadino numa tarde de fim-de-semana.
Esperava.
Ouvi o restolhar das folhas esquecidas na terra seca de uma espécie de jardim abandonado.
Escrevia.
Virei-me repentinamente.
Inquieta.
Por um segundo achei que tinhas caminhado até ali.
Tremia.
Afinal eram apenas as pombas a assustarem-me de amor.
Porque tu estavas lá trás, sentado, de olhos no telemóvel.
 
Imagem: Internet