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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

A luta do corpo

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A relação com o meu corpo tem sido conturbada feita de muitos baixos, de ódio e desprezo. De negligência e apatia.
Tantos anos a fechar os olhos quando me olhava no espelho. Odiava o que via. Sem fotografias, quanto mais em biquíni.
Tinha excesso de peso, mas sobretudo carência emocional e a minha alimentação era tudo menos saudável. Não é só a anorexia e bulimia que são reflexo de um repúdio pelo corpo que temos. Há um lado emocional que nos segrega o discernimento, e quando aliado a outros fatores é uma combinação explosiva. E tratamos o corpo com o ódio que sentimos pelo mundo, porque achamos que o mundo não nos ama. Se ninguém nos ama, que mais interessa. Não sabia que eu tinha-me de me amar primeiro.
Ouvir de outros que era gorda, e embora o fosse, é de uma violência atroz para uma miúda em pré-adolescência. Pesar mais de 90kg, chegar a ter calças 48 e camisolas XXL. Isso fechou-me. Passei anos e anos sem ir à praia pelos complexos. Pela vergonha do corpo tão imperfeito que tinha. Escondia aquele horror que era. Senti-me tão feia durante tanto. Anos a fio sem ver que a beleza está dentro de nós. Mas sem cuidar do meu corpo, estava morta por dentro. O meu corpo era um templo em ruínas.
Não vivi muito do que uma rapariga era suposto viver, as roupas que não havia como há hoje, a maquilhagem, entre outras tantas coisas.
Compreendo, hoje, depois de tantas aprendizagens, que tinha de viver isso, que faz parte do meu propósito de vida. Aprender a amar o corpo é um desafio de uma vida, como um dia alguém me disse. Porque amar o meu corpo é amar quem sou. E é tão bom amar em quem me tornei com todas estas lutas.
Não tenho o corpo perfeito, mas afinal o que é isso da perfeição? Tenho o corpo que tenho de ter para cumprir o meu propósito de vida. É o meu templo, a matéria para o meu espírito poder cumprir a sua missão. Por isso tenho de cuidar tão bem do meu corpo, física emocionalmente, porque é o que de mais sagrado tenho.
Aprendi a aceitar a celulite, as estrias, a barriga. São a prova das batalhas que travei. Fazem parte do meu eu.
Não espero a aprovação dos outros que me digam se sou ou não bonita. Agradeço aos que me acham bonita. Se me sentir bonita, já não há comentários negativos nem destrutivos que me enterrem o coração. Esse tempo já passou.
Foi tão difícil, de tanta crueldade de mim para mim, mas conquistei a pessoa mais importante da minha vida. Conquistei-me a mim mesma. Conquistei o amor por mim.

Imagem : Internet 

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