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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

#opinião# Agatha Christie "O Natal de Poirot"

Confesso que já nem sabia quando tinha lido, pela última vez, um livro de Agatha Christie. Recordo os livros que avidamente li na minha adolescência e cuja memória de fascínio ainda guardo em mim. Por isso, num daqueles acasos, reparei que havia um livro cujo enredo se passava no Natal. Nem hesitei, que maravilha poder voltar a ler esta senhora da escrita policial e com uma história envolvendo o Natal e reencontrar um velho conhecido, Poirot (oh as saudades que tinha da sua inteligência e argúcia).

Simeon Lee, o patriarca dos Lee, resolve convidar todos os filhos) para comemorar o Natal na sua luxuosa mansão da família. E não só, a neta que ninguém conhece também será presença assim como um filho de um amigo de Lee que aparece por lá (o que adensa mais o cenário). Começamos logo por perceber que tipo de homem quase execrável é Simeon com as cenas em que os seus filhos (Alfred, Harry, David e George) decidem ou não se aceitam o convite do pai (à exceção de Alfred que mora com o pai). E apercebemos o tipo de personalidade dos filhos e das respetivas esposas.

Véspera de Natal. A reunião da família Lee é destruída por um ensurdecedor barulho de mobília a partir-se, seguido por um grito de agonia. No andar de cima, o tirânico Simeon Lee encontra-se morto num lago de sangue com a garganta cortada. Não sem antes assistirmos a uma reunião ainda com Simeon vivo, em que humilha veemente todos os seus filhos e noras. O que torna todos os estes personagens suspeitos.

Por coincidência, Poirot encontra-se a passar o Natal em casa de um amigo e vê-se envolvido neste mistério. Encontra uma atmosfera não de luto mas de suspeita mútua. Parece que toda a gente tinha as suas razões para odiar o velho. E nas páginas confirmaremos isso.

Pouco ou nada posso adiantar da história, pois todos os pormenores estão intrinsecamente ligados e referir um e não referir outro é deixar a história coxa. É tão bom saborear as pistas que vão surgindo e tentando na nossa mente e tentar reconstituir o crime, observar as falhas dos suspeitos e ter muita atenção às pistas de Poirot.

Uma nova confissão, algumas das pistas a minha mente não as leu, e por isso fiquei literalmente surpreendida com o desfecho e o deslindar do assassino do patriarca Lee. Claro que não vou revelar quem foi nem dar pistas (o que me controlei para não saltar para as últimas páginas). Pela curiosidade crescente, lia avidamente páginas atrás de páginas para mais depressa desvendar o mistério. E é uma surpresa.

Não é típica leitura natalícia, mas que reencontrar Poirot no Natal foi tão bom.

E quero, muito em breve, voltar a ter outro livro de Agatha Christie nas minhas mãos.

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