Dezasseis dias!
E depois de um e dois dias.
E depois de cinco e seis dias.
E depois de nove e dez dias.
E depois de treze e catorze dias.
Depois de tantos dias. Dezasseis dias contei eu nestes dedos. E voltei a recontar para ter a certeza.
E depois desses arrastados dezasseis dias, o estômago revolve-se-me por entre as palavras que me queimam. Ainda vens longe e já o pneu na estrada me esmaga os sentidos.
E depois desses dias todos que tantos foram as pernas tentam segurar-me no meu desmaiar quando sorris. Nunca olhei para o relógio nos dias que foram para não sentir essa saudade tua que tinha em mim. Porque a memória do teu sorriso não me larga. Nem a borracha do tempo te apaga de mim.
E depois de esses duros dias, estavas ali parado. De costas para ti. Ver-te. A força das tuas mãos. Querer agarrar-te. Perder-me para me encontrar em ti.
E depois de tantos dias, dezasseis, contei eu, um a um, o reviver os fins de tarde. O vento, o frio que nos gela as mãos, o regresso a casa e tu.
E depois dos dias gritantes, a tranquilidade das nossas conversas silenciosas. O teu sussurro ali tão perto. Escondido que só eu ouvi.
E depois de dezasseis dias sem o teu rosto nos meus olhos voltei a sentir a vida pulsar nesta alma minha.
Imagem : Internet