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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Dia 47 de confinamento e saudades dos pés em descanso

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Dia 47 de confinamento. Ainda continuamos em tempos instáveis de números. Os dias mantêm-se suspensos. Casa, casa e casa. Permissão para um passeio higiénico. Sem autorização para uns minutos num banco de jardim. A nossa realidade. O resto são ilusões.
O tempo começa a ter um aroma primaveril. A vontade de sair por aí começa a ser muita. Poder estar assim, com os pés em descanso já faz falta ao corpo. O sol a incidir na pele é cada vez mais urgente. Repousar a mente sem outros pensamentos tóxicos é imperativo. Estarmos em equilíbrio emocional.
Sentar horas a olhar cada pormenor do cenário que me acolhe. Ouvir os voos rasgados dos pássaros. O zigzag das voltas dos patos no lago em movimentos acrobáticos. Encher o coração de verde-paz que cresce na terra. O espelho do amor da natureza por nós no reflexo da água. O livro no colo, tantas vezes fechado só para estar a absorver cada segundo.
Estar em profunda harmonia comigo e com o que me rodeia. Numa meditação de tranquilidade e enraizamento.
Gostava de poder voltar estar assim. Serenamente a olhar como a vida é tão bonita em todos os seus traços e nos pequenos detalhes.