Dias cinzentos...
O dia chegou-nos triste. Pintado de um cinzento carregado. O céu que nos pesa nos ombros. Tantas toneladas que sentimos nas nossas costas. Os nossos ossos que se querem quebrar. As emoções que estilhaçam a fragilidade de quem somos.
Há dias difíceis nesta luta contra um vírus silencioso que nos veio pedir tanta atenção em nós. Por isso, se sinto, por momentos essa tristeza de manhãs nubladas, deixo essa angústia fluir e voar com os pássaros que indiferentes passeiam a sua voz nessas nuvens. Para libertar medos e recuperar esperança.
O mudar da hora que nos entorpece os movimentos. Que nos deixa tontos. Mas continuamos sempre a caminhar. Mesmo que os pingos da chuva se diluam em lágrimas escondidas. A nossa vulnerabilidade que nos torna mais forte.
O vazio de vida que circula por aí. Autocarros que ninguém levam para os metros e comboios. Dias assim desprovidos de sol fazem-nos sentir ainda mais essa melancolia da saudade. As saudades de rotinas. As saudades dos meus momentos. Das minhas pessoas. Tão legítimo sentir essas saudades que são nossas.
Mesmo em dias nublados existem arco-íris que temos de procurar. Que são tesouro e alento no amanhã.
Hoje vi um sorriso que me apertou mais essa inquietude de tempos incertos que já moram nas nossas casas. E que nos pesam os dias. Com ou sem nuvens.