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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Fazes-me doer!

Fazes-me doer. Uma dor que também te faz doer. E que ninguém vê. A nossa dor. A dor do nosso amor. Do meu amor por ti. E da morte por nós.

Fazemo-nos doer porque a vida doeu em nós. E continua a doer, mas fingimos que nada dói. Contudo a alma naufraga na propagação de um sofrimento que rebenta nas memórias afundadas num tempo que a vida voltou a trazer.

Fazes-me doer porque ainda te amo. Para mim amar será sempre a dor de ti. A minha mágoa. A nossa ferida. Faz-nos doer.

Fazes-me doer porque nos amamos e nada podemos dizer. Somos o silêncio mudo de um amor que grita por mim e por ti. Um amor para sempre proibido. Condenado. Fazes-me doer no sentir a culpa em ti que não queres relembrar sempre que me vês. Falamos no consolo de uma dor nossa e que não partilhamos.

Faz-me doer o ventre esvaziado de emoções. Um ventre despejado de carinhos. Um ventre pregueado de espinhos que rasgam a esperança de gerar o nosso novo bater do coração. Aquele coração que desapareceu connosco quando me fechaste os olhos. Quando o destino selou o nosso eterno caminho de encontros e reencontros até nos perdoamos por nos amarmos.

Faz-me doer a raiva que germina em mim por me sentir atraiçoada pela estrada da vida. Onde a dor me atropela. E me deixa ali sozinha a fazer-me doer. Sem respirar. Sem ti.

Fazem-nos doer porque temos um livro por terminar. Uma história para continuar. Frases por escrever. Uma dor para apagar. Ninguém nos deixa sermos os momentos do que somos um ao outro. A vida não nos deixa curar esta nossa dor.

Fazes-me doer. E isso faz-nos doer. 

 

Foto : Internet

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