O mdeu demónio e o meu anjo!
Uma envergonhada manhã de primavera que se esconde atrás das nuvens. Uma manhã que traz consigo o meu demónio e meu anjo no mesmo trilho. Tão perto. Na mesma estrada. A pisar o mesmo passeio. Ali há distância de um passo meu.
Chegam. Param. Passam. Seguem. Sem me verem!
Primeiro o meu demónio. O demónio de mim. Aquele que faz pulsar a alma e o sangue. O demónio que me faz tremer. Que me sufoca. Que me fustiga nas memórias que deambulam dentro de mim. O demónio cujo silêncio é escutado atentamente pelo meu coração. O demónio que o meu coração ama. Aquele que outrora já me amou e cujo amor me foi fatal. Mas pelo qual voltaria a morrer só para o reencontrar vezes e vezes sem conta. O demónio que reconheceria em qualquer lugar porque vive nas labaredas da solidão que me consome. Até nos fundirmos e trairmos a vida que nos teima em separar.
Depois para apaziguar a tontura da minha alma, o anjo. Aquele rosto demasiado doce. Demasiado terno. Que sossega os medos. O anjo que transborda na luz que é e na paz desse sorriso tão discreto. Que me devolve parte da vida que fugiu com o meu demónio. Aquele anjo que poderia amar de tão bonito que é. O anjo que o meu coração guarda para ir buscar nos momentos de desespero em que precisa de olhar para a tranquilidade de uma esperança perdida. Cruzar-me com um anjo só pode significar que os meus passos estão a caminhar no sentido certo. Porque reconhecer um anjo é invulgar. E mais raro é ter um anjo daqueles a enternecer-se ao dizer-me olá. Que amolece as pedras do meu muro. Aos poucos descobri ali um anjo tão perto que me sorri no sorriso mais encantador que jamais alguém poderá imitar. O anjo que não me importaria de ver todos os dias só para sentir que tudo está bem. Que tudo ficará bem!
O meu demónio e o meu anjo. Ali juntos. Para me ajudarem a crescer e a descobrir quem eu realmente sou!
Imagem : Internet