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O sopro mágico das palavras

O sopro mágico das palavras

Quem te inventou?

Não queria conhecer quem inventou o mundo ou a vida. Só queria conhecer quem te inventou no agora e no antes. Na vida antes e depois de ti. Na vida que és em mim. Quem te inventou a ti numa fórmula secreta guardada pelo tempo.

Queria conhecer o autor que te escreveu numa imperfeição tão perfeita que queria ler e nunca largar esse livro que és. O livro que nunca fecharia porque o teu nome seria o título do meu viver.

Quem desenhou esse teu rosto que agora conheço já carregado pelo tempo deste agora. O rosto de quem um dia já me amou e que um dia poderá voltar a amar, mas não neste instante de vida. Como anseio por voltar a ver esse teu rosto ser desenhado novamente e poder amar-te sem medos e receios.

Quem decidiu que esses teus olhos seriam de um castanho cor da terra que nos acolhe? Um castanho através do qual queria conhecer o mundo. A cor da qual pintaria o meu mundo.

Quem esboçou esse teu sorriso na tela salpicada pelo brilho das estrelas? Quem traçou esses teus lábios num delicado traço que me encanta e enfeitiça. Um feitiço do qual não quero que me libertem.

Quem te cantou ao ouvido na melodia que a tua voz trauteia no olá mais especial de todos os olá que ouço no correr do dia? Ouvir-te-ia sem nunca carregar no botão da pausa porque a tua voz é a mais bela música que o compositor compôs.

Quem foi o escultor desse teu corpo no desejo ardente que deixas na tua passagem? Um vício no qual me perderia sem nunca me querer voltar a encontrar depois de me encontrar dentro de ti.

Quem pintou em ti essa paz que de ti transmite. Olho um minuto para ti para sentir essa paz em mim. Peço que um minuto se transforme em dois ou três minutos até ser a eternidade. Poder olhar para ti nessa eternidade. Mas essa eternidade é apenas o meu desejo e sempre será aquele desejo que a vida não me ofereceu.

Quem inventou essa tua alma que conheço desde que a minha alma me conhece. Sinto-te porque sinto a tua alma chegar até mim. Essa alma que me abraça e da qual jamais me irei libertar. Tento ouvir as histórias que as nossas almas partilham no nosso sono só para ter a certeza que um dia não fomos dois, mas somente um.

Quem escreveu o teu caminho? Quero saber por que estrada caminhas. Quero saber onde te posso ver. Nem que sejas apenas ver na fracção de segundos de um olhar. Quero saber onde estás sem este medo de nunca saber quando e se te voltarei a ver.

Diz-me quem te inventou para poder sussurrar nesse ouvido que te invente novamente só para mim.

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